São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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Na platéia, ex-vereador discute com advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

Um bate-boca na platéia roubou, por instantes, a cena na sabatina da Folha com Tarso Genro. Um petista saiu em defesa do presidente interino do PT contra um advogado que cobrava que Tarso "saísse de cima do muro".
"Participei da fundação do PT, vim para ouvir o que o Tarso Genro tem a dizer", disse alto Henrique Pacheco (PT-SP), reclamando dos comentários do advogado Samir Haddad Junior. "Só disse, baixinho, que o Tarso Genro estava muito em cima do muro", informou Haddad, que deixou a sabatina momentos depois.
"Não vim aqui interessado na opinião dele, não quero ser enxovalhado. O PT é maior que essa crise. O partido tem uma história. O José Dirceu tem história. Se houve erro, isso tem de ser corrigido e punido. Como Tarso falou, o PT está em reconstrução", rebateu Pacheco, que é ex-vereador e ex-deputado estadual pelo PT.
"Essa truculência [de Pacheco] é prova do ranço autoritário do PT .Votei no Lula e votei na Marta [Suplicy] na primeira vez. Se Serra for candidato, vou votar nele", afirma Haddad, 37.
Numa platéia com estudantes e alguns simpatizantes do PT, o bate-boca foi o único momento tenso. Muitos cobraram que Tarso responsabilizasse ex-dirigentes petistas pela crise. "Reputo Tarso uma pessoa séria, mas ele tem que ser incisivo", disse o engenheiro aposentado Paulo Guzzardti, 60, que se disse ex-militante do PT.
A professora de Educação Física Laura Vaz Macia discordou: "Num todo, ele correspondeu às minhas expectativas. Citar nomes é meio ridículo, ninguém veio aqui ouvir isso. Os nomes estão na imprensa. É uma crise de toda a classe política." Ela disse que votará no PT em 2006.
O presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, também na platéia, reclamou da atitude dos entrevistadores, que, segundo ele, foram "contaminados pelo espírito da CPI": "Tarso estava totalmente aberto para discutir as questões, a política, a realidade do PT e do Brasil e, no entanto, ficaram todos com pegadinhas".
Para a antropóloga Paula Miraglia, 32, Tarso demonstrou "disposição sincera de abrir o PT para uma reformulação". "Não sou petista. Vim aqui ouvir, quero acreditar que um projeto político de esquerda é viável. Queria uma sinalização do outro lado, algo que acenasse para isso". Na avaliação dela, ele foi contraditório ao querer ser porta-voz tanto do governo quanto do partido.
Ao final da sabatina, estudantes de administração da Unip pediram para ser fotografados com Tarso. Ao posar, o petista disse: "É bom sair no jornal, para mostrar que não estamos sós". Marluce Cazuza, 19, dona da máquina fotográfica, disse: "Só vim pelo trabalho [da faculdade]. Se pudesse, nem votava. Não entendo muito, mas estou achando tudo uma vergonha, enganação."


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