São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Um homem só

Enquanto o noticiário discute se a propaganda de Geraldo Alckmin mudará ou não, o tucano assiste à rápida corrosão de seus apoios regionais, e um clima de desânimo contamina o comando da campanha. O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, dedica-se no momento a um roteiro de dez dias pelo interior do Ceará, agenda algo incompatível com a missão de arbitrar os vários conflitos nos Estados. Jorge Bornhausen (PFL) passará a semana toda em Santa Catarina.
Ontem, em Brasília, nem o candidato a vice acompanhou Alckmin. No início da noite, José Jorge não sabia se seria hoje o lançamento do pacote anticorrupção alardeado pelo candidato -ninguém o avisara. No QG semideserto, Alckmin se "reuniu" com Sérgio Guerra e Eduardo Jorge para analisar pesquisas.

Na moita. O exílio de Tasso no interior é visto por tucanos como chance de submergir após o embate com o governador Lúcio Alcântara.

Dá que é meu. E a novela no Ceará continua. Cid Gomes (PSB) foi à Justiça para tirar Lula do programa de Alcântara. Alheio ao mal-estar nacional, o PSDB-CE recorreu para ter o direito de manter o presidente no ar.

Gostinho. Ricardo Berzoini comemora dado da pesquisa Datafolha que aponta a preferência por Lula de 55% dos que se declaram partidários do PFL. "Jorge Bornhausen planejou acabar com a nossa raça, mas o eleitor pefelista não vai deixar", diz o presidente nacional do PT.

Por fazer. Um mês depois de inaugurado, o comitê de Lula em Brasília continua uma obra inacabada, como algumas das anunciadas pelo presidente na televisão.

Escanteado. Flávio Arns viajou a Foz do Iguaçu para cavar espaço na agenda de Lula e conseguir um depoimento de apoio a sua candidatura ao governo. Mas não deve obter êxito. Com os olhos brilhando por Roberto Requião (PMDB), o presidente não quer se envolver demais na campanha do petista.

Braços abertos. Rejeitado pelo PSDB, o governador do Paraná, candidato à reeleição, já confirmou ao Planalto que receberá Lula em Foz, hoje, com pompa e circunstância.

Milagre da... Um servidor da Universidade Federal do Paraná com remuneração de R$ 729,18 recebe na verdade R$ 24.999,44 mensais, graças a "vantagens decorrentes de sentença judicial". O caso consta do balanço semestral de menores e maiores salários do funcionalismo, publicado no "Diário Oficial".

...multiplicação. O mesmo balanço lista um servidor da Federal de Pernambuco que, com salário de R$ 394,12, recebe R$ 20.403,80, também devido a decisão judicial.

Vacina. Desgastado pela tentativa de imprimir marcha lenta ao processo contra os sanguessugas, Renan Calheiros (PMDB-AL) encomendou à direção do Senado estudo sobre a duração de processos anteriores: o mais célere foi o de Luiz Estevão, cassado em 2001: durou 6 meses e 15 dias.

Ponto morto. Enquanto assiste aos desdobramentos de seu relatório parcial, a CPI dos Sanguessugas hiberna. O sub-relator para o Executivo, Julio Redecker (PSDB-RS), foi desencorajado por colegas a marcar depoimentos.

Janela. As mais recentes declarações de Luiz Antonio Vedoin, envolvendo parlamentares que não citara antes, abriram uma linha de defesa para os acusados: descredenciar suas acusações. Em depoimento à Justiça, Darci Vedoin incluíra Antero Paes de Barros (PSDB-MT) na lista de políticos que nunca haviam negociado com a máfia.

Ocupado. Danilo Camargo, coordenador da Comissão de Ética do PT, dedica-se à eleição para a Câmara de José Genoino, derrubado do comando da sigla pelo mensalão.

Tiroteio

"Renan ajuda sanguessugas e desconsidera a opinião pública porque não tem de enfrentar as urnas este ano. Deve estar contando com a amnésia do eleitor para pedir votos em 2010."


Do cientista político MARCO ANTONIO TEIXEIRA, professor da FGV-SP, sobre manobra do presidente do Senado para tentar adiar o julgamento de colegas acusados de participação na quadrilha das ambulâncias.

Contraponto

Candidato Alves

Durante visita de campanha a Teresina, no sábado passado, Geraldo Alckmin teve uma de suas melhores recepções até agora no Nordeste, região onde o adversário Lula nada de braçada. Escoltado pelo candidato tucano ao governo do Piauí, Firmino Filho, o presidenciável fez um passeio animado por numerosa claque pelo centro da cidade. Depois, participou de uma carreata, ouvindo nas ruas gritos de "Geraldo, Geraldo".
Satisfeito com a reação positiva obtida em pleno reduto petista, Alckmin fez piada com a dificuldade de os eleitores pronunciarem seu nome:
-Está melhorando. Já me chamam de Geraldo Alves.


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