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TRE-RJ barra sanguessugas por "falta de perfil moral"
Quatro acusados de envolvimento no esquema foram impedidos de se candidatar
Medida atinge Reinaldo Gripp (PL), Paulo Baltazar (PSB), Fernando Gonçalves (PTB) e Elaine Costa (PTB); eles vão recorrer ao TSE
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio proibiu ontem os deputados federais Paulo Baltazar (PSB-RJ), Reinaldo Gripp
(PL-RJ), Fernando Gonçalves e
Elaine Costa (ambos do PTB-RJ) de concorrer à reeleição
por serem acusados de participar do chamado esquema dos
sanguessugas -de aquisição de
ambulâncias superfaturadas
por meio de emendas parlamentares. Apesar de também
incluída na lista da CPI dos
Sanguessugas, a deputada federal Laura Carneiro (PFL-RJ)
foi autorizada a disputar.
Os quatro deputados são os
primeiros no país a ter os registros negados por suposta corrupção e má conduta moral.
Os deputados anunciaram
ontem que vão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Até
nova decisão, estarão fora do
horário eleitoral e impedidos
de fazer propaganda.
O TRE considerou que Baltazar, Gripp, Gonçalves e Elaine
Costa não têm "perfil moral
que se deve exigir" de um candidato a deputado. "Não se pode permitir que a imoralidade
grasse", disse a juíza Jacqueline
Montenegro.
Ex-líder do PSB na Câmara,
Paulo Baltazar destinou mais
de R$ 3 milhões à compra de
ambulâncias e ônibus para prefeituras e recebeu ao menos
R$ 50 mil do esquema, segundo
a CPI. Fernando Gonçalves é
apontado como o campeão de
recebimento de propina:
R$ 300 mil, segundo a CPI.
Baltazar e Gripp já haviam
obtido aprovação de seus registros, mas ontem o órgão mudou
a decisão inicial, após recurso
do Ministério Público.
O TRE deferiu o registro da
candidatura de Laura Carneiro,
incluída no relatório da CPI,
por considerar não haver provas suficientes contra ela. A deputada chorou muito ao telefone ao receber a notícia. O Ministério Público vai recorrer da
decisão.
De acordo com o presidente
do TRE, desembargador Roberto Wider, o entendimento
do tribunal segue um princípio
geral do Direito, o da moralidade. "Verificamos nas candidaturas se têm condições de moralidade adequadas, o que é
muito diferente de julgar apenas questões penais."
O tribunal aceitou a argumentação do advogado de Laura Carneiro, de que ela é apenas
integrante de processo em que
os denunciados seriam outros.
A juíza Jacqueline Montenegro chegou a dizer que não estava anexado o relatório da CPI
-o que o MP contestou posteriormente- e que não havia denúncia contra ela. "Há documentos que demonstram sua
participação em fraudes do
INSS", disse o procurador Rogério Nascimento.
O presidente do Vasco da Gama, ex-deputado federal Eurico Miranda (PP-RJ), e o ex-secretário nacional de Justiça,
Luiz Eduardo Soares (PPS-RJ),
também tiveram seus registros
indeferidos. Eurico porque responde a quatro processos criminais; Soares porque não se
desencompatibilizou a tempo
de cargo na Assembléia Legislativa. Os dois vão recorrer.
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