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Advogados jogam a culpa em outros acusados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alguns dos dez advogados
que encerraram ontem a defesa
oral dos acusados de integrar o
esquema do mensalão apresentaram versões que se conflitam,
além de justificarem desvios de
condutas de seus clientes.
"O Supremo tem que saber
separar o joio do trigo, separar
quem é mensaleiro de quem é
inocente mensageiro", disse
Délio Lins e Silva, advogado dos
irmãos Jacinto e Antonio Lamas, assessores do antigo PL
(atual PR), partido comandado
na época por Valdemar Costa
Neto, um dos 40 denunciados.
Lins e Silva ressaltou que os
Lamas só cumpriam ordens de
Valdemar ao irem apanhar dinheiro do valerioduto: "Meus
clientes eram paus mandados".
O advogado de Valdemar, Marcelo Bessa, que falara antes,
disse que a denúncia tinha de
ser rejeitada "simplesmente
porque não pode ser provada".
Já o advogado Tales Castelo
Branco, que representa o publicitário Duda Mendonça e sua
sócia Zilmar Fernandes, afirmou que seus clientes não podem ser acusados de lavagem
de dinheiro porque ignoravam
a possibilidade de o dinheiro
recebido ser de origem ilícita:
"Ele [Duda Mendonça] foi
compelido pelo PT".
Duda diz ter recebido pagamento do PT de R$ 10 milhões,
por serviços de publicidade, em
uma conta aberta no exterior.
"Ocultar não é lavar dinheiro",
disse Tales, afirmando que a
abertura da conta fora do país
foi feita a pedido do PT. Ele
afirmou que seus clientes são
acusados "por terem cometido
a desgraça de dizer a verdade",
se referindo a depoimento à
CPI dos Correios quando Duda
falou sobre o pagamento.
Ele disse que Duda está "desiludido, recluso, calado, voltado ao campo": "Podemos não
gostar do brinco que ele ostenta
na orelha, mas atacar-lhe a
honra é um crime", afirmou.
O advogado de Roberto Jefferson, autor das acusações que
em junho de 2005 deflagraram
o escândalo, disse que a denúncia erra ao acusar quem revelou
o esquema. "Ele nunca participou disso, ele é o denunciante
do mensalão, termo inclusive
cunhado por ele", afirmou Luiz
Francisco Barbosa, para quem
o STF não conseguirá concluir
o julgamento antes da prescrição dos eventuais crimes.
Ao todo, 27 advogados fizeram a defesa oral de 36 dos 40
denunciados. Quatro acusados
-José Borba (PR), ex-líder do
PMDB na Câmara, e três integrantes de corretoras que teriam integrado o esquema-
não se defenderam oralmente.
Marco histórico
Todos os dez advogados que
falaram ontem criticaram a denúncia do Ministério Público
no plenário do STF, mas um fato inusitado chamou a atenção:
destoando das outros 26 intervenções, a advogada Roberta
Rangel elogiou Antonio Fernando Souza, dizendo que sua
denúncia era um "marco".
"O marco que essa denúncia
representa há de ser ressaltado.
A coragem de oferecer essa denúncia é um marco que nunca
havia ocorrido, não importa se
ela vai ser acatada ou não, se denunciados serão excluídos ou
não", disse Rangel, que defende
o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), acusado de ter recebido R$ 20 mil do esquema.
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