São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Cabos eleitorais são treinados para rebater questionamentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso dos visitadores da campanha paulistana seguem um roteiro, que inclui até respostas decoradas para eventuais questionamentos a respeito de defeitos do candidato.
Os cabos eleitorais remunerados de Marta Suplicy (PT), por exemplo, levam pronto o antídoto contra as críticas à gestão da ex-prefeita. "Marta enfrentou dois anos de Fernando HC", justificou uma visitadora na terça-feira passada, durante atividade em Cangaíba, na zona leste de São Paulo.
Ela se referia ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que governou de 1995 a 2002 e já apareceu na campanha de TV de Geraldo Alckmin, também do PSDB. Marta foi prefeita de 2001 a 2004.
Uniformizados, os cabos eleitorais seguem orientação de manual produzido exclusivamente para a campanha. "Uma nova atitude para a cidade", repetem na primeira abordagem. Depois de perguntarem se o eleitor já tem candidato, falam de realizações e promessas específicas de Marta.
Para a zona sul, o material traz a promessa de construção de dois hospitais, um em Parelheiros e outro em Marsilac, e de investimentos em metrô e novos corredores de ônibus. Em Cidade Tiradentes, região pobre da zona leste, o discurso é o de que Marta construiu parte do hospital inaugurado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Eles insistem que ela foi a única a cuidar da periferia e são orientados a lembrar que a petista fez as licitações e as desapropriações para a construção dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) inaugurados pelo prefeito-candidato.
Além de co-responsabilizarem FHC por eventuais problemas da gestão Marta, os cabos eleitorais associam insistentemente a candidata ao presidente Lula, "pois podem viabilizar mais projetos por serem do mesmo partido".
Cada um dos 30 comitês eleitorais de Marta conta, em média, com uma equipe de 20 visitadores, dividida em duas peruas. Sempre sob a supervisão de um coordenador, os visitadores recrutados pelos petistas costumam atuar em dupla. Não se exige filiação partidária.
A organização dos visitadores da campanha de Kassab à reeleição segue modelo parecido. Em média, são duas peruas para cada um dos seus 30 comitês. Os funcionários passam por treinamento no comitê central e participam de seminários regionais. Há materiais específicos para cada região.
Os visitadores de Kassab também têm seus antídotos. O principal deles é tentar desvincular da ex-prefeita feitos que os eleitores associam a ela.
Semana passada, a visitadora Vânia Ribeiro, 44, abordou um jovem que dizia que iria votar em Marta porque "foi ela quem colocou leite [em pó] na escola". A reposta estava na ponta da língua. "Quem criou o Leve-Leite foi o Paulo Maluf e Marta apenas deu seqüência. Mas com o Kassab melhorou, porque agora é leite Ninho", disse Vânia, em referência à nova marca do alimento distribuído na rede. (CC e CS)


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