São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

PT e DEM promovem guerra de visitadores

Grupo de cabos eleitorais que vão de casa em casa com discurso específico por região deve custar R$ 1,5 milhão até o dia da votação

Marta já arregimentou 700 profissionais, Kassab 500; com dificuldade financeira, Alckmin ainda programa contratar 112 funcionários

Danilo Verpa/Folha Imagem
Visitadores contratados pela campanha da petista Marta Suplicy chegam em van ao Jardim São Jorge, na zona sul de São Paulo


CONRADO CORSALETTE
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A proibição de outdoors, banners e showmícios, além de limitações de todo gênero na exposição visual das candidaturas pelas ruas, transformaram os chamados visitadores em peça-chave na disputa pela Prefeitura de São Paulo neste ano.
Tanto que as três campanhas mais bem estruturadas na sucessão municipal vêm concentrando esforço -e, pelo menos no caso dos casos do PT e do DEM, muito dinheiro- na tática de convencimento do eleitor porta-a-porta.
Centenas de equipes uniformizadas, treinadas e munidas de material de campanha direcionado a regiões específicas batem de casa em casa, principalmente na periferia, há pelo menos três semanas na cidade.
Somados, os gastos oficiais de Marta Suplicy (PT), Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) com essa mão-de-obra devem beirar R$ 1,5 milhão até o primeiro turno, em 5 de outubro. O contingente pode aumentar com a aproximação do dia da votação.
Líder nas pesquisas, Marta arregimentou formalmente um exército de 700 cabos eleitorais para o serviço, pagando R$ 500 por cabeça, mais a alimentação. Foi ela quem primeiro pôs seus visitadores na rua, já no início do mês, numa tática para turbiná-la nas pesquisas pouco antes da estréia do horário eleitoral de TV, que começou no dia 15 passado.
Ela ainda mantém parcerias com vereadores para multiplicar o número de equipes. Os visitadores bancados pelas parcerias seguem o mesmo roteiro dos da campanha de Marta, acrescentando apenas os elogios ao candidato a vereador. Eles, no entanto, não costumam usar a camiseta vermelha com a estrela do partido.
O prefeito Kassab, dono da campanha que mais arrecadou doações oficiais até agora, recorreu a uma cooperativa para contratar seus visitadores, que começaram a trabalhar uma semana depois dos funcionários pagos pelo PT. Já cadastrou 500, que recebem R$ 540 mensais, além da alimentação.
Kassab esperou um pouco mais a proximidade da campanha de TV. Tudo para que sua imagem ficasse mais conhecida entre os paulistanos, o que facilita o trabalho dos visitadores.
Alckmin, segundo na preferência do eleitorado neste momento, programou colocar na rua 112 contratados num prazo de até uma semana, com remuneração individual de R$ 450, mais R$ 150 para as refeições. O candidato vem enfrentando dificuldades na arrecadação de dinheiro, o que o impede de investir pesado na estratégia.
Para complementar o serviço, o tucano pretende realizar "mutirões". Sob orientação de pesquisas, a cada fim de semana será feita uma ação concentrada num bairro da cidade.

Importado
O trabalho dos visitadores profissionais é tradicionalmente usado nos Estados Unidos. O presidente americano, o republicano George W. Bush, recorreu à tática no ano 2000, quando foi eleito pela primeira vez.
No Brasil, a profissionalização dos cabos eleitorais que vão de casa em casa com um roteiro de discurso e material específicos para cada região visitada foi utilizada pelo marqueteiro Duda Mendonça nas campanha à reeleição do hoje presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB), ao governo do Rio Grande do Norte, em 1998, e de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo, em 2004. Garibaldi venceu, Marta não.


Texto Anterior: Janio de Freitas: A dívida dos tribunais
Próximo Texto: Cabos eleitorais são treinados para rebater questionamentos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.