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ROLO TRIBUTÁRIO
Governadores das regiões Norte e Nordeste querem que texto exclua "ricos" de fundos de compensação
Estados "pobres" tentam desforra no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Governadores das regiões Norte e Nordeste vão pedir hoje aos líderes do Senado a exclusão dos
Estados "ricos" dos fundos de
compensação previstos na reforma tributária. Eles querem que
Minas Gerais, Espírito Santo e Rio
não participem do Fundo de Desenvolvimento Regional e que
São Paulo seja excluído do fundo
de compensação por perdas com
a desoneração das exportações.
Antes de chegar ao Senado, o
texto da reforma tributária passou por mudanças para beneficiar
principalmente São Paulo, Minas
e Rio, o que provocou a rebelião
de senadores e governadores dos
chamados Estados "pobres". "A
luta é para que seja honrado o que
foi pactuado", disse o governador
do Pará, Simão Jatene (PSDB).
Pela proposta original, os fundos teriam como prioridade Estados mais carentes. Os governadores do Norte e do Nordeste, na
reunião, irão reivindicar a distribuição dos benefícios do Fundo
de Desenvolvimento Regional,
que tem uma verba prevista de R$
2 bilhões por ano, só entre os Estados das regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste. No Senado, deverá ser apresentada uma emenda
que limita em 5% a participação
dos Estados "ricos" no fundo.
Outra reivindicação deles é a exclusão, entre os critérios para a
distribuição dos recursos do fundo de compensação das exportações, das perdas com o fim do
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços) sobre
máquinas e equipamentos destinados à produção -o que beneficia Estados mais industrializados.
Os governadores querem ainda
que os municípios sejam excluídos da partilha da Cide (tributo
sobre a venda dos combustíveis).
"Vamos negociar, ouvir os governadores. Mas, do jeito que a reforma foi enviada ao Senado, é
preferível que não seja aprovado
nada. Todos os governadores estão descontentes. A reforma não
propõe uma política de incentivos
fiscais para regiões menos favorecidas", afirmou José Agripino
(RN), líder do PFL no Senado.
O senador disse que o artigo que
trata do ICMS na reforma tributária poderá ser retirado das discussões: "É o elemento desaprovado
por todos os governadores. É o
elemento desagregador da reforma. Entendo que o capítulo pode
ser retirado pelo próprio governo,
pelo relator ou pelo Senado".
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) defende uma solução mais
radical. Para ele, o ideal seria a
aprovação de um texto substitutivo da reforma: "Com as concessões que fez, o governo descaracterizou totalmente o sentido de
uma reforma tributária. A proposta está retalhada. Os governadores têm razão de reclamar".
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), disse anteontem
que o projeto da reforma tributária não "sai" se a Bahia não for
contemplada. "Ou contemplam a
Bahia ou a reforma não sai. Se o
presidente Lula quer ajudar a Bahia e a nós, nordestinos, que ajude. Terá o nosso apoio completo.
Mas, se não ajudar, também não o
ajudaremos", disse o senador.
Para ACM, a reforma votada em
primeiro turno pela Câmara é um
texto "Frankenstein". "É um projeto que não é coisa alguma, a não
ser para criar impostos para o governo federal. Queremos arrecadação para o governo federal, sim.
Mas também queremos aumentar as participações de Estados e
municípios na receita federal."
ACM disse que não tem nada de
pessoal contra Lula. "Mas acho
que já está na hora de o presidente
governar o país e deixar de governar seguindo a cartilha estabelecida pelo PT." ACM declarou ainda
que o PFL "vai lutar muito no Senado para não permitir a aprovação desse mostrengo que é a reforma tributária, que põe governadores e prefeitos na condição
de pedintes do governo federal".
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