UOL

São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IMAGEM OFICIAL

Secom divulga nota para contornar repercussão sobre indicação de publicitário para coordenar propaganda federal

Duda vai "garantir unidade", diz governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República) divulgou uma nota no início da noite de ontem com o objetivo de diminuir a crise em torno da indicação do publicitário Duda Mendonça para ajudar a coordenar e a integrar toda a propaganda do governo federal.
Na sua nota, a Secom afirma que Duda Mendonça trabalhará na nova função "dentro das limitações e atribuições intrínsecas ao contrato firmado, atuará como interlocutor da Secom na definição da estratégia de comunicação, no sentido de garantir unidade no discurso publicitário e evitar pulverização de ações. Essa atuação não implica nenhum custo adicional ao erário".
Duda foi o publicitário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral do ano passado. Neste ano, em julho, classificou-se em primeiro lugar na licitação de R$ 150 milhões (para 12 meses) da publicidade da Presidência da República.
Duda e mais outras duas agências ficaram com essa conta de R$ 150 milhões -recebem 15% sobre aquilo que for gasto. O contrato manda que cada vencedor fique com, no mínimo, 15% do valor pago. No limite, a divisão será de 15%, 15% e 70%.
No último domingo, a Folha publicou uma entrevista com o ministro Luiz Gushiken (Secom), na qual ele afirmava que delegaria a Duda o poder de ser o interlocutor com todos os órgãos federais no que diz respeito a propaganda oficial. Nos dias seguintes, houve debates entre congressistas do governo e de oposição.
A Folha procurou Duda Mendonça, mas ele preferiu não se manifestar sobre o assunto.
"Misturar o marketing de Lula e o do PT não é ético. Para mim, estamos diante de algo que beira o escândalo", afirmou o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, da tribuna.
"No governo FHC, o [publicitário] Nizan [Guanaes] fazia a mesma coisa. Tem sido assim na vida pública, como um médico, um advogado, que você só contrata aquele que você tem confiança", respondeu o líder do governo no Senado Federal, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Ontem, como o assunto continuava a causar polêmica no Congresso, a Secom resolveu divulgar sua posição oficial. Leia a seguir a íntegra da nota da Secom:
 
"A respeito de notícias publicadas na imprensa sobre ações de comunicação desta Secom, esclarecemos:
1. A agência do publicitário Duda Mendonça é uma das contratadas, conforme processo licitatório, juntamente com as empresas Matisse e Lew, Lara, para realizar ações de publicidade institucional do governo federal;
2. O publicitário Duda Mendonça, dentro das limitações e atribuições intrínsecas ao contrato firmado, atuará como interlocutor da Secom na definição da estratégia de comunicação, no sentido de garantir unidade no discurso publicitário e evitar pulverização de ações. Essa atuação não implica nenhum custo adicional ao erário;
3. Como a partir deste ano as verbas de publicidade institucional, que antes ficavam a cargo de cada ministério e algumas entidades, foram centralizadas na Secom, é natural e necessário que as agências encarregadas da produção das campanhas institucionais, sempre sob a estrita coordenação da Secom, busquem subsídios junto aos diversos órgãos para preparar as ações publicitárias;
4. A Secom continua cumprindo suas atribuições legais de executora das ações de publicidade institucional;
5. Chamamos a atenção para a seguinte declaração do ministro Luiz Gushiken constante da entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, em 21 de setembro de 2003: "Eu vou dizer para os ministérios que a Secom, por intermédio da agência do Duda Mendonça, eventualmente pode se relacionar, se reunir para discutir e saber como é que cada área deve atuar. Para que tudo fique em consonância com a linha do governo. Não é intromissão para ele fazer, mas para trocar idéias".
Brasília, 23 de setembro de 2003
Diretoria de Imprensa/Secom-PR"


Texto Anterior: ACM classifica projeto tributário de "Frankenstein"
Próximo Texto: Campo minado: Ruralista é preso sob acusação de dar calote
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.