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CAMPO MINADO
"Quero pagar tudo"
Ruralista é preso sob acusação de dar calote
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Conhecido por suas posições
radicais contra os sem-terra, o
presidente do Sinapro (Sindicato
Nacional dos Produtores Rurais),
Narciso Rocha Clara, foi preso anteontem à noite em Salvador (BA)
sob a acusação de ter passado R$
12 mil em cheques sem fundos a
hotéis, lojas, agências de viagens,
restaurantes e locadoras locais.
A delegada Maria Dahil Sá Barreto, 45, responsável pela prisão,
disse que Rocha Clara costumava
se hospedar em hotéis de luxo e
pedia que todas as faturas fossem
emitidas em nome do sindicato:
"Como a entidade tem registro,
ninguém desconfiava de nada".
Em junho, Rocha Clara ficou
uma semana preso numa delegacia de Carapicuíba (SP) por ter
usado sem autorização uma tomada do fórum da cidade para
carregar a bateria de seu celular.
O Sinapro, segundo Rocha Clara, representa 160 mil produtores
rurais em todo o país -informação negada tanto pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) como pela UDR
(União Democrática Ruralista).
Em Salvador, assinando cheques do sindicato, Rocha Clara
comprou uma central telefônica,
um automóvel e eletrodomésticos
nos últimos 40 dias. Foi detido
tentando adquirir uma televisão.
"Ele estava passando um cheque
em nome de Dione Fábio Bandeira, que está preso em São Paulo
por envolvimento com o tráfico
de drogas", disse a delegada.
Rocha Clara disse ontem que os
seus credores não vão "ficar no
prejuízo": "Tenho patrimônio e
bens suficientes para quitar todas
as dívidas". Segundo ele, a Justiça
teria bloqueado a conta bancária
do sindicato. "As dificuldades começaram depois que a entidade
ficou sem capital de giro." Ele
acrescentou que pretende quitar
todos os seus débitos em Salvador: "Sou uma pessoa honesta e
quero pagar tudo o que devo".
Colaborou EDUARDO SCOLESE, da
Agência Folha
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