São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Cordão sanitário

A linha da defesa que o advogado da campanha de Lula, José Antonio Toffoli, deve apresentar nesta semana na investigação judicial instaurada pelo TSE para apurar a compra do dossiê contra os tucanos será desvincular o episódio da campanha nacional. Para ele, não houve "benefício ao candidato requerido".
A tese a ser defendida é que o objetivo da operação era influir na campanha paulista, na qual Lula não seria parte interessada. Com isso, ainda que indiretamente, a tese da defesa de Lula pode fazer com que a responsabilidade recaia sobre Aloizio Mercadante. O principal nó a desatar é explicar a atuação de membros do comitê de Lula na operação, e o grande cuidado é para afastá-los do pagamento do dossiê.

Tem tempo. Até a noite de sexta, Toffoli não havia sido notificado para apresentar a defesa, e os documentos que integram o inquérito da PF não tinham chegado ao TSE.

Comunicantes. Ricardo Penteado, advogado da campanha de Alckmin, considera insustentável a tese de que tudo diria respeito à eleição paulista. Lembra que, até agora, só um dos envolvidos não é da campanha nacional. "Benefício para o Mercadante é benefício para o Lula", afirma.

Balancete. A campanha tucana prepara representação ao TSE para que o PT explique, nas prestações de contas da campanha já feitas, como foram computados os gastos com o tal dispositivo de "inteligência", onde atuavam os negociadores do dossiê.

Saudosa maloca. Um petista comenta a versão de que o dossiê seria um produto 100% made in São Paulo: "Que eu saiba, o Lorenzetti não nasceu no Brás". O churrasqueiro é de Santa Catarina.

Manda-chuva. Em julho passado, com Lula na Rússia, José Alencar concedia entrevista coletiva em Florianópolis quando uma voz estridente tomou conta do recinto: ""Aviso que esta pergunta será a última que o presidente vai responder". Era Jorge Lorenzetti, que à época dava as cartas na campanha de Lula em SC.

Comigo não. ""Quero dizer que vou ficar aqui, respondendo às perguntas de vocês, enquanto vocês tiverem perguntas para me fazer", atalhou Alencar, diante de um Lorenzetti vermelho.

Trote? A PF considera grande a possibilidade de não ter havido grampo em telefones do TSE, e sim um erro da empresa que fez a varredura.

Conta-gotas. Uma luz amarela acendeu no comitê financeiro de Geraldo Alckmin: os recursos começaram a entrar em ritmo mais lento nos últimas dias. A situação hoje é de "ligeiro déficit".

Inspiração. Os três servidores dos computadores utilizados no comitê de Lula em Brasília foram batizados pela equipe responsável pela área de informática. Chamam-se Fidel, Guevara e Lênin.

É a economia 1. Se confirmadas as pesquisas, Lula amargará sua primeira derrota no Rio Grande do Sul desde o segundo turno de 1989. Para muitos petistas, a explicação estaria menos na questão ética e mais nos problemas enfrentados por vários setores da economia local.

É a economia 2. Entre os descontentes com o governo do PT alinham-se os setores calçadista e moveleiro, além de produtores de soja e de arroz. Ciente do desgaste no Sul, Lula desembarca no Estado amanhã para anunciar uma nova usina termelétrica.

Pressão. Em Pernambuco, Humberto Costa passou a desqualificar o procurador Gustavo Veloso, alegando sua suspeição para apurar o caso da máfia dos vampiros. O candidato petista ao governo tenta evitar ser alvo de denúncia pouco antes da eleição. Seus adversários apostam que a estratégia deve surtir efeito.

Tiroteio

Vem aí um novo programa do governo Lula: Dossiê-Zero. Você recebe um dossiê contra seu adversário gratuitamente. Basta fazer cadastro e pegar o cartão magnético.


Do historiador MARCO ANTONIO VILLA sobre o petista Jorge Lorenzetti, que em depoimento à PF declarou-se espantado. Disse ter suposto que o dossiê contra Serra não seria cobrado pelos Vedoin.

Contraponto

Falta de opção

Presente no estúdio de um programa de rádio na Paraíba, o deputado Wilson Santiago (PMDB) recebeu o apoio de um ouvinte colocado no ar:
-Vou votar no senhor, que não é "chamessuga".
O apresentador passou então a indagar quais eram os candidatos escolhidos pelo ouvinte para presidente, governador... Quando chegou a vez do Senado, disputado por Ney Suassuna (PMDB), mais vistoso nome na lista dos sanguessugas, e Cícero Lucena (PSDB), preso na Operação Confraria da Polícia Federal, o homem foi rápido:
-Para senador eu voto em quem estiver solto no dia.


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