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Lula diz que, na ética, vale mais que PSDB num balaio
Presidente sugere que tucanos agem como Hitler ao ver povo como cidadão de 2ª classe
Em comício para 7.000
pessoas, candidato, que
evitou comentar crise do
dossiê, afirma que tucanos
são aves "predadoras"
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A ARARAQUARA (SP)
Num discurso predominado
por críticas aos tucanos e à imprensa, mas sem fazer nenhuma citação direta ao "dossiêgate", o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse ontem, em
comício em Araraquara (SP),
ter mais ética e moral do que
todos os adversários juntos. "Se
colocar todos eles num balaio,
não valem o que eu valho. Do
ponto de vista moral e ético."
A única menção indireta à
crise do dossiê contra tucanos,
que atingiu em cheio a campanha petista à Presidência e ao
governo de São Paulo, ocorreu
logo no início do discurso para
cerca de 7.000 pessoas, segundo a assessoria do presidente.
Usando a ironia e o duplo
sentido, o presidente falou dos
tucanos (as aves propriamente
ditas) para atacar os adversários do PSDB. Disse que vê na
Granja do Torto que as aves são
"predadoras" e comem os filhotes e os ovos de outras aves.
"Por trás daquele bico bonito, tem coisa ruim. É importante a gente admirar a beleza, mas
tomar cuidado. E muito cuidado. Eles [do PSDB] pregam praticamente o ódio contra o PT e
contra os partidos de esquerda.
Nós não precisamos responder
com mesmo ódio."
O presidente também fez um
crítica indireta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em referência à carta aberta.
"Eles consideram nosso povo
cidadão de segunda classe. Os
deles, são de primeira classe.
Quando as pessoas começam a
imaginar ter um povo melhor, a
partir da lógica deles, nós vamos terminar no [líder nazista,
Adolfo] Hitler, que queria um
povo superior. Por isso fez o
que fez com a humanidade",
disse. "Que democrata é esse?"
Lula disse que recebe tratamento diferente da imprensa
do que recebia FHC, que, segundo ele, foi poupado durante
as privatizações. "Ai de quem
ousasse falar do governo naquela época. O outro era pensamento único favorável, eu virei
pensamento único contra." O
presidente afirmou não querer
uma imprensa chapa-branca,
mas um tratamento justo.
Não estava presente no evento o candidato a deputado federal Antonio Palocci, da região.
Uberlândia
Em comício também ontem
em Uberlândia (MG), o presidente Lula também evitou a
"crise do dossiê", não comentou a pesquisa Datafolha e,
mais uma vez, pediu votos para
o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, candidato ao Senado pelo PMDB, enfatizando que precisa de aliados
no Senado para não ter que fazer votação "na rua".
Lula não desenvolveu o raciocínio sobre o que seria "ir
para a rua fazer votação". Recentemente, o jornalista Elio
Gaspari, colunista da Folha, informou que, em encontro com
empresários, Eugênio Staub,
presidente da Gradiente, perguntou a Lula como ele pretendia fazer as reformas que julga
necessárias. Lula teria dito a
Staub para que não acordasse o
"demônio que tem em mim,
porque a vontade que dá é de
fechar esse Congresso e fazer o
que é preciso". O Planalto nega.
Newton, ex-rival do PT, que
chegou a pedir o impeachment
do ex-governador, disputa o
Senado contra o deputado Eliseu Resende (PFL).
Colaborou PAULO PEIXOTO , da Agência Folha,
em Uberlândia
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