São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Petistas acusados omitiram a verdade, afirma procurador

Expedito, Lorenzetti e Bargas não falaram, em depoimento à PF, tudo que sabem sobre compra do dossiê, segundo Mário Avelar

Petistas não falam sobre origem do dinheiro, dando a entender que dossiê foi obtido gratuitamente, o que contradiz investigações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mário Lúcio Avelar, procurador da República em Mato Grosso, afirmou ontem que os petistas Oswaldo Bargas, Expedito Veloso e Jorge Lorenzetti ocultaram a verdade nos depoimentos que prestaram à Polícia Federal na sexta-feira.
Ex-integrantes da equipe de inteligência da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eles são apontados como participantes da compra de um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra.
Os três foram ouvidos separadamente na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, por Avelar e Diógenes Curado, delegado da PF em Mato Grosso responsável pelo caso. Para o procurador, os petistas combinaram as versões de seus depoimentos e negaram saber do pagamento de R$ 1,7 milhão para a família Vedoin envolver Serra com os sanguessugas.
"Foi uma sucessão de depoimentos, meticulosa, articulada e tramada para ocultar a verdade dos fatos", disse Avelar. "Não se falou em momento algum da origem do dinheiro e tampouco se assumiu a responsabilidade pela compra do dossiê. Na visão das pessoas que aqui depuseram, o que houve foi uma negociação que não passou por pagamento."
Para Avelar, os depoimentos não batem com as investigações. "Segundo a versão deles, o dossiê foi conseguido gratuitamente. Isso desmente tudo o que consta nos autos até agora, inclusive a prova material que é o dinheiro apreendido".
Jorge Lorenzetti foi o primeiro a depor e a negar que a divulgação do dossiê contra Serra foi paga. Ele disse que o material seria entregue a Hamilton Lacerda, então coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante (PT), adversário de Serra.
À tarde, o diretor afastado do Banco do Brasil, Expedito Veloso, depôs por cerca de seis horas, mas foi avaliado como "improdutivo". Ex-chefe-de-gabinete do Ministério do Trabalho, Bargas foi ouvido em seguida, por cerca de quatro horas.
Segundo Avelar, os dois disseram que se encontraram com os Vedoin porque souberam de um dossiê contra os tucanos envolvendo o empresário Abel Pereira, que teria ligações com Barjas Negri (que trabalhou com Serra na pasta da Saúde). À PF, na quinta, Luiz Vedoin disse que fez depósitos na conta de Abel, mas negou o envolvimento de Serra. (ADRIANO CEOLIN, ANDREA MICHAEL E LEONARDO SOUZA)

Texto Anterior: Eleições 2006/Crise do Dossiê: Escândalo atinge 8 petistas e desfalca o comitê de Lula
Próximo Texto: Alckmin reage a insinuação de golpismo e diz que "Collor caiu por muito menos"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.