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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
CPI suspeita que ex-diretor do BB usou cargo para ver conta
Parlamentares desconfiam que Expedito Veloso pode ter invadido dados para montar dossiê
Ele teria alertado o PT sobre movimentação entre a família Vedoin e Abel Pereira, ligado a Barjas Negri, sucessor de Serra
SHEILA D'AMORIM
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos Sanguessugas desconfiam que o ex-diretor de gestão e risco do banco, Expedito Veloso, poderia
ter usado o cargo que ocupava
para invadir ilegalmente dados
dos correntistas como forma de
montar um dossiê contra a gestão do PSDB no Ministério da
Saúde. A Polícia Federal deve
investigar se houve envolvimento do banco.
Expedito é apontado como a
pessoa que alertou petistas sobre a existência de uma movimentação bancária entre a família Vedoin e o empresário
Abel Pereira, ligado ao ex-ministro Barjas Negri, sucessor de
José Serra na Saúde.
Um dia antes de a PF prender
os petistas Gedimar Passos e
Valdebran Padilha com R$ 1,7
milhão, que seria usado na negociação do dossiê contra o
PSDB, Expedito comemorava
contando detalhes da entrevista em que Luiz e Darci Vedoin
envolviam o tucano com a máfia das ambulâncias.
Em conversas por telefone,
ele teria feito comentários sobre o dossiê que comprometia
Serra e, ao ser questionado sobre como sabia de tantos detalhes, teria afirmado que era
porque ele mesmo havia trabalhado na montagem do documento. Nesta data, a revista
"IstoÉ" com a entrevista dos
empresários ainda não havia
circulado nas bancas.
"O PT desrespeitou o Banco
do Brasil ao colocar em seus
postos-chave membros do partido que trabalhavam para o
partido, não para o banco", disse Carlos Sampaio (PSDB-SP),
um dos sub-relatores da CPI.
Sampaio e Fernando Gabeira
(PV-RJ) foram ontem à PF apanhar cópia dos documentos.
"Do que ele fala, a gente pode
inferir que talvez ele tenha quebrado o sigilo das contas do
Abel Pereira no Banco do Brasil", afirmou Gabeira.
Expedito só será ouvido pela
auditoria interna do BB na semana que vem, mas sabe-se
que, com o cargo que ocupava,
ele poderia ter acesso a movimentações financeiras de
clientes do banco. Ontem, antes do seu depoimento na PF,
seu advogado mostrou cópias
de documentos que Veloso teria recebido dos Vedoin.
Entre eles, cópias de cheques
do BB que representariam pagamentos dos Vedoin a Abel
Pereira. As cópias não identificam o destinatário dos cheques. A dúvida é que, se Expedito montou o dossiê, pode ter
checado o destino do dinheiro.
Nesse caso, deve haver registro
no sistema do BB.
Depois da ação da PF e a prisão dos petistas, Expedito não
atendeu mais o telefone celular
e também não foi localizado na
sua casa, em Brasília.
Suspeitas de invasão de sigilo
bancário foram responsáveis
pela queda do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda), no primeiro semestre.
Em depoimento à PF anteontem, Expedito afirmou que
esteve em Cuiabá para investigar supostos depósitos feitos
pela máfia dos sanguessugas na
conta de Abel Pereira.
Ele disse que exerceu uma
função técnica. "Fui lá [em
Cuiabá] para cumprir função
técnica. [Explicar] depósitos de
pessoas indicadas por Abel Pereira". A Polícia Federal avaliou
que o depoimento de cerca de
seis horas foi improdutivo. Luiz
Antonio Vedoin acusa Abel de
ser o responsável por liberar
emendas que interessavam à
quadrilha na pasta da Saúde na
gestão de Barjas Negri.
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