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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF vai investigar gestão tucana na pasta da Saúde
Suspeita é que empresário tenha participado da liberação de emendas na gestão de Barjas
PF avalia que Abel Pereira pode ter negociado com os Vedoin a compra do dossiê que acusa tucanos de atuar na máfia dos sanguessugas
DO ENVIADO A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal vai abrir
um inquérito específico para
apurar suspeitas de que o empresário Abel Pereira teria participado de um esquema ilegal
de liberação de emendas no Ministério da Saúde na gestão do
tucano Barjas Negri, sucessor
de José Serra na pasta.
As emendas teriam beneficiado o grupo Planam, principal empresa da máfia dos sanguessugas. Em entrevista à revista "IstoÉ", duas semanas
atrás, Luiz Antonio Vedoin (dono da Planam) disse que Abel
era o responsável por liberar as
emendas que favoreciam a quadrilha na gestão Negri, apesar
de oficialmente não ter vínculo
com a pasta. O ex-ministro nega envolvimento com os sanguessugas e afirma não conhecer os donos da Planam.
Abel é empresário do município de Piracicaba (SP), da
qual Negri hoje é prefeito.
O nome de Abel voltou ao escândalo após reportagens publicadas pela Folha, na semana
passada, sobre os contatos que
o empresário manteve recentemente com Vedoin. No dia em
que a quadrilha fechou a venda
para petistas de um dossiê contra Serra, Abel tentou pelo menos três vezes falar com Vedoin
por telefone, chegando a deixar
recados com um ex-cunhado
do dono da Planam. No final do
mês passado, Abel esteve hospedado por cerca de dez dias
num hotel em Cuiabá.
A PF avalia que Abel possa
também ter negociado com Vedoin a compra do dossiê.
Na quinta-feira, quando
prestou novo depoimento à PF,
em Cuiabá, Vedoin entregou
uma planilha com nomes das
prefeituras que teriam tido
emendas individuais ao Orçamento da União "pagas através
de acerto com Abel Pereira".
Ou seja, verbas para compra
de ambulâncias teriam sido liberadas pelo Ministério da
Saúde em 2002 graças a pagamento de propina a Abel. O
empresário, que não foi localizado ontem para falar sobre a
abertura do inquérito, nega recebimento de dinheiro. A planilha, segundo Vedoin, "incrimina Abel, ligado ao ex-ministro [Saúde] Barjas Negri".
Ao Ministério Público Federal, Vedoin apresentou no dia
14, antes de ser preso, extratos
bancários que comprovariam
depósitos na conta de empresas supostamente ligadas a
Abel para liberação de verbas.
O dossiê contra tucanos,
apreendidos no dia 14 pelo PF,
continha, além de um vídeo, fotos e DVD, quatro folhas com
nomes de prefeituras dos Estados de Rondônia, São Paulo,
Alagoas, Amapá, Ceará, Bahia,
Goiás, Minas Gerais, Mato
Grosso, Pará, Paraná e Rio.
Com relação a São Paulo, trazia os nomes de 12 prefeituras
listando ao lado de cada uma
valores de R$ 66 mil, que seriam as verbas liberadas.
Nesta semana, a PF vai requisitar ao Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) informações sobre os
saques que deram origem ao
dinheiro usado por petistas para comprar o dossiê. No dia 14,
os petistas Gedimar Passos e
Valdebran Padrilha foram detidos num hotel em São Paulo
com cerca de R$ 1,7 milhão,
parte e reais e parte em dólares.
Provavelmente entre amanhã e terça, a PF já terá a confirmação de quais agências o dinheiro saiu e quando foi sacado. Assim, a PF requisitará a
quebra do sigilo das agências, o
que permitirá conhecer quem
forneceu o dinheiro.
(LEONARDO SOUZA E HUDSON CORRÊA)
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