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PF apura cartel e fraude em serviços da Infraero
Empresas são acusadas de combinar pregões para ganhar licitações pelo maior preço
Ex-superintendente da estatal, funcionário da Anac e 8 prestadoras de serviços aéreos são suspeitos de crimes contra competição
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal identificou
indícios de formação de cartel e
fraude em licitações da Infraero nos serviços de inspeção de
bagagem, controle de entrada
de passageiros, limpeza e reboque das aeronaves, movimentação e proteção de carga e despacho operacional de voos.
Estão sendo investigados um
ex-superintendente da Infraero, um funcionário da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) e oito empresas prestadoras de serviços de transportes aéreos.
A investigação começou em
maio de 2008, por meio de uma
denúncia anônima encaminhada à SDE (Secretaria de Direito
Econômico), órgão do Ministério da Justiça que investiga crimes contra a competição.
Segundo a acusação, empresas estariam combinando entre
si o resultado de pregões eletrônicos de modo a ganhar alternadamente os contratos, sempre pelo preço máximo.
Haveria ainda corrupção de
funcionários da Infraero para
excluir competidores potenciais nesse mercado específico,
estimado em centenas de milhões de reais, por meio de editais direcionados e do uso abusivo da dispensa de licitação.
A SDE alega que existem 305
empresas autorizadas a competir nessas licitações, mas que
apenas 16 se inscrevem nos
pregões analisados. O afunilamento seria decorrência do direcionamento dos editais e do
envolvimento de funcionários
da Infraero e da Anac.
A Infraero alega que os leilões eletrônicos são feitos pelo
Banco do Brasil e que apenas
49 dessas empresas estão homologadas a atuar nacionalmente.
Restrição à competição
Após receber a denúncia, a
SDE acompanhou o comportamento das empresas em algumas licitações eletrônicas e detectou "forte indício" de fraude.
"Conforme se depura, existe
forte indício de restrição ao caráter competitivo do certame,
direcionamento da licitação e
formação de cartel", informa o
inquérito policial.
O material foi enviado à PF,
que, em junho passado, instaurou inquérito policial e solicitou a quebra dos sigilos telemático e telefônico de empresas e
funcionários suspeitos.
As empresas investigadas
são: Air Special, Aerosat, Aeropark, Argus, MP Express, Aerosuporte, Higi Serv e Orbital
Serviços Auxiliares de Transporte Aérea.
A quebra dos sigilos foi autorizada em março passado pela
juíza federal Pollyanna Kelly
Maciel Medeiros Martins Alves, substituta da 12ª Vara Federal em Brasília.
No começo do mês, a mesma
juíza determinou uma operação de busca e apreensão nas
sedes das principais empreiteiras, pelo suposto desvio de dinheiro público em obras nos
principais aeroportos do país.
No caso das empreiteiras, a
PF investiga o suposto superfaturamento, desvio de recursos
públicos e lavagem de dinheiro.
O valor do desvio é estimado
em torno de R$ 500 milhões.
Por enquanto nenhuma empresa ou funcionário da Infraero foi condenado em nenhuma
dessas investigações, que, combinadas, sinalizam um dos
maiores desvios de recursos
públicos deste governo.
A Infraero é uma empresa
pública federal responsável pela construção, administração e
manutenção dos principais aeroportos do país. Por tradição,
os principais cargos do órgão
são fruto de indicação de políticos e de partidos.
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