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GOVERNO MINADO
Chefe da Casa Civil deu ordem após falar com Lula sobre Queiroz
Dirceu ordena maior rigor nas viagens dos ministros
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo controlará com mais
rigor as viagens dos ministros.
Depois de conversar anteontem
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sobre caso do ministro
Agnelo Queiroz (Esportes), o ministro José Dirceu (Casa Civil) ordenou maior critério nos gastos
com passagens áreas, tamanho de
comitivas, diárias de hotel e motivos de viagem.
A Folha apurou que o secretário-executivo de Dirceu, Swedenberger Barbosa, que se reúne semanalmente com os secretários-executivos dos outros ministros e
que fala com vário deles diariamente, já começou a transmitir a
ordem do ministro da Casa Civil.
Eles devem fazer triagens para
averiguar a importância das viagens, tamanho de comitivas e a
procedência dos convites, para
evitar mordomias pagas por entidades privadas.
Lula e Dirceu estão contrariados
com Queiroz. Ele entrou na lista
de ministros candidatos a deixar
o posto na reforma ministerial
prevista para o final do ano.
Queiroz recebeu verba para pagar despesas nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo, em
agosto, mas não usou o dinheiro.
Ele teve as despesas pagas pelo
COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e só 65 dias depois, quando foi
denunciado por uma ex-auxiliar,
a ex-jogadora de basquete Paula,
anunciou que devolveria parte da
verba. Paula se desentendeu com
Queiroz e passou a miná-lo.
A ordem de Dirceu para maior
controle de viagens veio depois de
ele comentar com Lula o caso de
Queiroz. No meio da tarde de anteontem, já se sabia no Planalto
que o ministro dos Esportes seria
protagonista de mais um caso
desgastante para o governo.
Dirceu julgou o caso dele tão
grave como o da ministra Benedita da Silva (Assistência Social),
que foi a Buenos Aires para um
encontro evangélico com verba
oficial. Ela arrumou compromisso de última hora com sua equivalente argentina, mas não convenceu a Comissão de Ética da Presidência da República, que recomendou a devolução dos gastos.
Em conversas reservadas, o ministro da Casa Civil disse que julgou pouco convincente a justificativa de Queiroz de que não sabia que recebera a verba nem que
o COB bancaria suas despesas.
A fim de evitar novos casos com
a mesma justificativa, Dirceu deu
a ordem para os secretários-executivos reforçarem o controle das
viagens. O secretário-executivo é
o número 2 de cada pasta.
Imagem arranhada
O governo Lula, que julga ter
perdido popularidade por crises
no primeiro escalão e pelo efeito
na economia real do duro ajuste
fiscal e monetário, teme se desgastar num tema que sempre foi
caro ao PT: probidade administrativa e ética na política.
Segundo pesquisa do Instituto
Sensus, divulgada na terça-feira, o
índice ótimo ou bom de avaliação
do governo caiu de 48,3% em
agosto para 41,6% em outubro. O
desempenho pessoal de Lula também sofreu queda no período. O
índice dos que o aprovam desceu
de 76,7% para 70,6%.
O Planalto avalia que esse desgaste é absorvível, mas teme, depois de enfrentar uma forte recessão e batalhas nos Congresso para
aprovar as reformas da Previdência e tributária, perder pontos na
opinião pública porque ministros
usufruíram pequenas vantagens
pessoais. Benedita devolveu R$
4.816 (duas passagens áreas).
Queiroz anunciou a devolução de
R$ 5.436 (50% das diárias).
Nesta semana, o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz
Eduardo Soares, pediu demissão
após investigação interna a respeito de contratação da mulher e
da ex-mulher. Na avaliação do Palácio do Planalto, a saída de Luiz
Eduardo complica a permanência
de Benedita (que é do PT) e Queiroz (PC do B) no governo.
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