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GOVERNO MINADO
ONG divulga salário do Legislativo mineiro entre 1999 e 2000, quando o atual titular dos Transportes o presidia
Em 2 anos, Adauto recebeu R$ 2,6 mi da Assembléia de Minas
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O ministro dos Transportes,
Anderson Adauto (PL-MG), recebeu em dois anos como presidente da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, de 1999 a 2000, a
quantia de R$ 2,62 milhões -R$
1,07 milhão no primeiro ano e R$
1,55 milhão no seguinte- a título
de vencimentos.
A revelação dos vencimentos
anuais de Adauto e de mais dois
deputados estaduais mineiros foi
feita ontem pelo jornal "O Tempo", de Belo Horizonte, a partir
das informações obtidas na Justiça pela organização não-governamental Mãos Limpas.
A ONG, por meio do advogado
Edgard Amorim, deu publicidade
aos dados, apesar de a Assembléia
Legislativa ter conseguido uma
petição na 2ª Vara da Fazenda, na
capital mineira, alertando para o
fato de o processo que trata do
vencimento dos deputados estar
correndo sob segredo de Justiça.
O advogado não foi localizado
ontem pela reportagem. A ONG
Mãos Limpas mantém uma ação
popular na Justiça pedindo o ressarcimento aos cofres públicos
dos altos salários que eram recebidos pelos parlamentares mineiros no período de 1999 a 2001.
Na gestão de Adauto na presidência da Assembléia, as questões
envolvendo salários de deputados
eram feitas por meio de deliberações secretas. As publicações no
"Diário Oficial" do Estado eram
feitas em códigos para que nada
fosse identificado, conforme revelou a Folha no início deste ano.
A ONG divulgou os vencimentos do sucessor de Adauto, Antônio Júlio (PMDB), que recebeu no
seu primeiro ano como presidente da Assembléia, em 2001, R$ 1,55
milhão. O deputado do PT Durval
Angelo, que em 2000 fazia parte
da Mesa da Assembléia, teve vencimentos de R$ 1,24 milhão.
Acordo
Os altos salários na Assembléia
vieram à tona em 2001. O Ministério Público interveio e assinou um
termo de ajustamento de conduta
com os deputados, de forma a reduzir os salários, que variavam de
R$ 60 mil a R$ 90 mil. O valor passou para R$ 18,8 mil (salário mais
ajuda de custo).
A novidade agora é a revelação
do montante dos vencimentos
dos deputados da legislatura passada. O vencimento mensal de
Adauto em 2001, por exemplo,
feita a divisão por 12 meses, foi de
R$ 129 mil, de acordo com o valor
divulgado. Em 2001, quando já
não era mais presidente, seu vencimento anual somou R$ 709 mil
-ou R$ 59 mil por mês.
A discussão que se trava agora
na Justiça diz respeito ao que é
vencimento salarial e o que é verba de representação, ou seja, recursos que o deputado recebe para o custeio do seu mandato parlamentar. No período contestado,
toda a verba de representação ia
para a conta pessoal do deputado.
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