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Alckmin retoma tática do confronto ético com Lula
Mais quente que o anterior, debate da Record é marcado por repetição de temas
Petista volta ao tom irônico do último encontro; tucano cita assuntos que havia relegado, mas não o faz com a mesma agressividade
RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO
No debate da TV Record, o
terceiro do segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin trouxe
ontem de volta para o centro da
discussão a questão ética, que
relegara ao segundo plano no
confronto anterior.
Como fizera na TV Bandeirantes, Alckmin centrou suas
intervenções nas questões da
origem do dinheiro do dossiê e
da possível quebra do sigilo dos
cartões de crédito da Presidência. Como no SBT, afastou-se
do tom agressivo a que é atribuída parte da responsabilidade por sua queda nas pesquisas
-pela última pesquisa Datafolha, sua desvantagem em relação a Luiz Inácio Lula da Silva é
de 20 pontos percentuais, se
considerados os votos válidos.
Para perguntas antigas, Lula
trouxe velhas respostas: a de
que mais escândalos aparecem
no seu governo porque ele investiga mais. Voltou a citar o
engavetamento de pedidos de
CPI na Assembléia Legislativa
do mandato de Alckmin.
Dois dias após Fabio Luis, filho do presidente, ter sido alvo
de reportagem da revista "Veja" que diz que ele fez lobby pela Telemar, Alckmin ignorou o
tema e tratou como "último escândalo desta semana" reportagem da mesma "Veja" que relata que o Ministério Público
Federal aponta superfaturamento nas obras do aeroporto
de Congonhas, com perdas calculadas de R$ 100 milhões.
"O Ministério Público, por
conta das eleições, foi muito rápido. O dado concreto é que não
tem nenhum julgamento do
Tribunal de Contas. Não dá para a gente resolver as denúncias
durante o processo eleitoral",
respondeu o presidente.
Alckmin voltou a perguntar
se Lula abriria o sigilo dos gastos dos cartões corporativos da
Presidência. O petista respondeu: "A maior parte da despesa
você pode acessar, está no Siafi
[sistema de acompanhamento
de gastos do governo]. Tem
uma conta secreta que é por
conta do gasto de segurança e
do gasto da Abin. Isso vai continuar em qualquer governo."
Barjas
Respondendo à pauta imposta pelo adversário, o presidente
também citou acusações contra tucanos, principalmente
Barjas Negri, ex-ministro da
Saúde que foi presidente da
CDHU (Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no governo Alckmin.
"Se eu fosse presidente em
98, certamente não teria acontecido o esquema dos sanguessugas, que aconteceu quando o
Serra era ministro da Saúde e o
Barjas Negri secretário-executivo. Oitenta por cento aconteceu antes do meu governo."
Lula voltou a citar Barjas
quando Alckmin repetiu a sugestão para que ele perguntasse
a seus antigos amigos envolvidos no caso do dossiê sobre a
origem do dinheiro. "Esse
exemplo do Alckmin poderia
ser transformado num fato
prático: ele poderia chamar o
Barjas Negri e perguntar até
que ponto ele se envolveu com
esse negócio."
Quando teve oportunidade
de escolher o tema, Lula buscou pontos que julga positivos
de seu governo -a política social e a política externa.
De resto, os rivais repetiram
discussões anteriores sobre
saúde, economia e educação.
Diferentemente dos confrontos anteriores, Lula não leu
durante suas falas -recitou números de cabeça e desta vez
acertou a taxa Selic (13,75%),
que havia errado no SBT.
Embora alguns assessores
julgassem que o presidente poderia passar a imagem de arrogante, ele não deixou a ironia de
lado. Após dizer que os banqueiros eram "ingratos", porque receberam "muito" dele e
votavam em Alckmin, foi repreendido pelo adversário.
"O candidato Lula gosta de
ironia, mas eu acho que as
questões do Brasil são mais sérias. É para a gente ficar triste
com o que acontece", disse o tucano. Lula não desistiu de alfinetar o rival. "Queria pedir desculpas aos nossos telespectadores porque é difícil debater com
tanta desinformação."
O último debate do segundo
turno ocorre na noite da próxima sexta-feira, na Rede Globo.
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