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Petistas usaram eleições
para "elaborar" luto do
partido, diz psicanalista
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o psicanalista Sergio
Telles, o candidato tucano à
Presidência, Geraldo Alckmin, fez o petista Luiz Inácio
Lula da Silva respirar aliviado no final do primeiro bloco
do debate da TV Record.
"Pensei que ele [Alckmin],
eventualmente, pudesse voltar à carga inquisitória como
na Bandeirantes. Quando ele
falou de dois escândalos,
pensei que um deles fosse o
caso que envolve o filho de
Lula. E não foi. Isso marcou
o tom de todo o resto do debate: mais morno."
A Folha acompanhou o
duelo dos candidatos na casa
do analista. "Alckmin não
fez isso por bondade. Foi por
estratégia, em virtude da
avaliação que deve ter tido.
No primeiro [debate], Lula,
acuado, tornou-se vítima. A
população se identificou
com o mais frágil."
Para Telles, "as pessoas
esperam ouvir a verdade
[em debates], mas é uma ingenuidade". O importante,
diz, é que os eleitores saiam
do "papel infantil". "Os políticos falam o que querem. É
como se eles fossem os pais e
tivessem falando de um assunto que eu, criança, não
entendo. Uma discussão na
qual não posso intervir. Assim o eleitor não pode cobrar coerência."
Segundo o psicanalista,
essa é a eleição em que os petistas "estão elaborando o
luto". "A militância está tendo de elaborar um luto muito grande, toda a fantasia
que tinha de um partido
ideal. Eles caíram na real".
O processo, afirma o analista, foi em etapas: "Vi isso
até em amigos meus. Primeiro, era a negação total.
Agora, chega a hora de justificar o que aconteceu".
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