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Senado livra Azeredo no caso valerioduto
Pesou na decisão sobre tucano parecer de que denúncia é anterior ao mandato; Mesa também resolveu parar 6ª ação contra Renan
Uma outra mudança, que na prática altera o regimento
da Casa, diz que agora novas representações irão direto
para o Conselho de Ética
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reunida pela última vez para
tratar de pedido de abertura de
processo de cassação de mandato, a Mesa Diretora do Senado decidiu ontem arquivar a representação contra o senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
e "sobrestar" (paralisar) a sexta
denúncia contra o presidente
licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na mesma reunião, o presidente interino do Senado, Tião
Viana (PT-AC), e os outros sete
integrantes da Mesa decidiram
que, a partir de agora, representações contra senadores seguirão direto para o Conselho de
Ética. Na prática, trata-se de
uma alteração no Regimento
Interno na qual a Mesa passará
a ter papel apenas "carimbador". O conselho decidirá se denúncias serão investigadas.
A avaliação no Senado é de
que o resultado de ontem reflete um duplo recado. No caso de
Renan, foi um alerta de que, se
ele não voltar ao cargo, não enfrentará novos processos e que
há disposição política em negociar sua absolvição definitiva.
Sobre Azeredo, mais um aceno
ao PSDB para votar a emenda
da CPMF (imposto do cheque).
No caso de Azeredo, pesou na
decisão um parecer da consultoria jurídica da Casa sustentando que os fatos denunciados
ocorreram antes do início do
mandato e já foram alvo de representação -arquivada no
conselho- no passado. Ele é
suspeito de ter usado caixa-dois para financiar sua campanha ao governo de Minas em
1998 por meio do valerioduto.
Denúncia
O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza,
deve propor nos próximos dias
denúncia contra os envolvidos
no caixa dois da campanha de
1998 de Azeredo.
A Mesa rechaçou a investigação de Azeredo por unanimidade. "Era um assunto vencido,
que já foi alvo de representação. Enquanto não é parlamentar não há quebra de decoro
parlamentar", afirmou Álvaro
Dias. "Já houve processos
iguais arquivados. Se tivessem
[o PSOL] ao menos aguardado
o procurador da República se
manifestar, mas como não foi,
então a denúncia é a mesma...",
disse Tião Viana.
A decisão de "congelar" a nova denúncia contra Renan foi
apertada. A portas fechadas, foram apresentadas três alternativas: deixar o caso "sobrestado", arquivá-lo ou encaminhá-lo ao conselho.
Três senadores votaram por
paralisá-lo: Tião, César Borges
(PR-BA) e Magno Malta (PR-ES). Outros dois defenderam
que fosse engavetado -Papaléo
Paes (PSDB-AP) e Efraim Morais (DEM-PB)-, e dois optaram pelo andamento do caso
-Álvaro Dias (PSDB-PR) e
Gerson Camata (PMDB-ES).
Na sexta denúncia, Renan é
acusado de ter feito emendas a
favor da prefeitura de Murici
(AL), administrada por seu filho. A empresa que tocou a obra
é fantasma e estaria em nome
de um ex-assessor do senador.
Segundo Tião Viana, artífice
da tese do sobrestamento, esse
caso só será retomado na Mesa
quando o terceiro processo
contra Renan for julgado. O
terceiro caso, que trata do uso
de "laranjas" para comprar rádios em Alagoas, é apontado como o que tem mais potencial
para terminar em cassação de
mandato. O relator é Jefferson
Peres (PDT-AM).
"Ficou subentendido que,
julgado o terceiro processo, pode a Mesa se reunir e reavaliar.
O sobrestamento foi um sinal
de alerta de que tenhamos o
mínimo de consideração com o
andamento e os julgamentos
no conselho", justificou Tião.
"Todas as denúncias foram
feitas sem comprovação, baseadas em recortes de jornais e revistas, e o conselho sequer tem
relatores designados", disse
César Borges. O quinto processo contra Renan segue sem indicação de relator.
Líder do PSOL na Câmara,
Chico Alencar (RJ), reagiu: "O
PSOL não é usina de representações nem as banaliza, o que
tem se banalizado é a corrupção de colarinho branco".
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