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Tucanos apresentam exigências para votar a favor de imposto
Bancada de 13 senadores decidiu que vai aguardar por concessões do governo; eles querem controle dos gastos públicos e a redução da carga tributária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O preço da fatura que o governo terá de pagar para aprovar a prorrogação da CPMF subiu depois que a bancada tucana no Senado decidiu atuar em
bloco na votação -o que pode
garantir a aprovação se houver
acordo com o Planalto.
Se de um lado os 13 senadores do PSDB reunidos ontem
ameaçaram votar contra a
CPMF caso o governo não
apresente o que chamam de
"proposta decente", com redução de carga tributária, corte de
gastos públicos e mais recursos
para governadores, por outro, o
grupo de nove tucanos que não
aceitava negociar mudou de
opinião e atendeu ao apelo da
cúpula do partido.
Segundo a Folha apurou, líderes governistas acreditam
que agora basta "melhorar o
modelo", ou seja, fazer mais
concessões, para fechar um
acordo com o PSDB e a aprovação estaria garantida.
Há 13 tucanos no Senado,
que tem 81 membros -são necessários 49 votos para aprovar
a emenda. Hoje, sem apoios da
oposição, o governo não consegue aprovar a CPMF. Em seus
cálculos, tem de 43 a 44 votos.
A bancada tucana decidiu
não apresentar oficialmente
uma proposta ao governo, só
divulgar as linhas gerais do que
exigem para votar a favor. "Vamos esperar que nos apresentem uma proposta decente",
disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Segundo Tasso, se a proposta
não convencer a bancada, "todos vão votar contra. Não podemos ser coniventes com essa
irresponsabilidade, temos de
evitar uma crise fiscal".
Os tucanos querem, além da
redução da alíquota do imposto
e da criação de um redutor de
0,2 ponto percentual do PIB
nos gastos públicos: 1) cortar
impostos cobrados sobre a folha de pagamento; 2) reduzir
impostos de investimentos em
saneamento público; 3) aumentar o repasse de verbas da
CPMF para a saúde aos Estados; 4) aumentar a transferência de recursos da Cide (cobrada sobre consumo de combustíveis) para os governadores e
5) possibilidade de prorrogar a
CPMF por um período de apenas um ou dois anos, forçando
uma reforma tributária.
Ontem, Lula decidiu convocar líderes e presidentes de
partidos aliados que compõem
o Conselho Político para uma
reunião hoje no Planalto quando deve tentar fechar sua proposta de negociação.
A presença do presidente
não estava confirmada, já que,
pela manhã, ele se reunirá com
empresários, também no esforço para garantir apoio à CPMF.
A idéia do encontro do Conselho Político surgiu após reunião entre Lula e equipe econômica para debater uma proposta a ser apresentada à oposição.
Ontem, o ministro Walfrido
dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que o governo está "discutindo alternativas". À noite, ele participaria de
um jantar na casa do senador
Demóstenes Torres (DEM-GO). Anteontem, Walfrido foi a
Belo Horizonte negociar a votação da CPMF com o governador Aécio Neves (PSDB).
Até alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal estão na
mesa de negociação. O governo
pode permitir que o cálculo para definir o nível de endividamento nos Estados seja feito
isoladamente, separando Judiciário e Legislativo. Com isso,
abriria espaço para os Estados
contraírem mais empréstimos.
A aprovação da emenda 29,
que trata de mais dinheiro para
a saúde, foi uma das propostas
que avançou dentro do governo
para facilitar a aprovação da
CPMF. O texto em discussão
na Câmara prevê uma base de
cálculo que, segundo governistas, elevaria o gasto federal
com saúde de R$ 44 bilhões ao
ano para R$ 60 bilhões. A votação deve ocorrer hoje.
A reunião ontem dos tucanos
começou com o senador Alvaro
Dias (PSDB-PR) dizendo que o
partido deveria "arrochar ou
afrouxar" com o governo. Segundo ele, o resultado final pode ser definido da seguinte forma: o partido será responsável,
mas também não vai afrouxar
para o governo e votar a CPMF
sem "concessões substanciais".
A bancada tucana é pressionada pelos governadores José
Serra (SP) e Aécio a aprovar o
tributo. Os senadores, porém,
disseram que precisavam de
justificativa para mudar de posição. "Queremos medidas efetivas", disse o senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE).
(VALDO CRUZ, SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER)
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