São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Senadores defendem aprovação de medidas contra nepotismo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A contratação de parentes por funcionários da alta cúpula do Senado levou parlamentares a defenderem a aprovação de medidas contra o nepotismo e a demissão dos apadrinhados.
Reportagem da Folha publicada ontem informou que servidores que ingressaram no Senado via trem da alegria, efetivados pela Constituição de 1988, e que agora ocupam cargos de chefia empregam mulheres, maridos, filhos, irmãos e agregados com salários que podem chegar a R$ 10 mil em cargos de confiança, sem concurso público. Há casos de famílias empregadas no Senado.
O presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), defendeu a realização de concursos públicos para evitar a contratação de parentes, mas ponderou que esses funcionários não podem ser discriminados pelos seus sobrenomes. "Prefiro a opção dos concursos que acabariam com esse expediente das nomeações", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), defendeu a demissão dos apadrinhados. "Acho que o Senado deve botar todos para fora e ficou claro quem é o contratante."
Parte dos diretores que empregou parentes é ligada a José Sarney (PMDB-AP). Ontem, ele não comentou o assunto.
Para Demóstenes Torres (DEM-GO), o Senado vive uma "familiocracia", fruto dos trens da alegria que funcionaram antes da Constituição de 88. Para o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) esse é um problema que a Mesa do Senado tem que resolver. "Há uma Mesa que está aí para levantar esses dados e esclarecer as coisas."
"O acesso tem de ser por competência", disse Aloizio Mercadante (PT-SP).
Na Câmara, desde setembro de 2006 é proibido a servidores que têm cargos de direção e chefia contratar parentes até segundo grau. A regra se estende a deputados e a senadores, que não podem indicar parentes para ocupar cargos comissionados na Câmara.
Os deputados também incluíram na pauta do plenário emenda constitucional que proíbe o nepotismo nos três Poderes, medida que vai atingir também os funcionários que ocupam cargos de chefia.
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que o Senado virou uma "esculhambação" com a presença de lobistas praticamente dentro do plenário. "Esses feudos têm que acabar."
"O Judiciário já cortou na própria carne, o Senado tem que adotar prática igual", disse Álvaro Dias (PSDB-PR). (AM)


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