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CPI das ONGs investigará cerca de 250 instituições
Um dos alvos é uma entidade ligada a Ideli Salvatti
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI das ONGs decidiu ontem priorizar investigações em
cerca de 250 instituições que
receberam mais de R$ 200 mil
anuais do governo federal desde 1999. Tal decisão inclui a Federação dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar da Região
Sul (Fetraf-Sul), que teria ligações com a líder do PT no Senado, senadora Ideli Salvatti (SC).
A entidade recebeu R$ 5,2
milhões entre 2003 e 2007 da
União e é acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro
público destinado a formar e
qualificar mão-de-obra rural.
Parte do dinheiro teria sido utilizado para financiar campanhas do PT. A federação nega o
uso político das verbas federais.
Em nota divulgada no final
de setembro, Ideli diz que é
"natural" sua ligação com lideranças da agricultura familiar,
já que ela defende o setor. Para
ela, entretanto, "isso não implica que eles tenham qualquer
participação em supostas ilegalidades perpetradas para o desvio de recursos públicos".
O relator e o presidente da
CPI, senadores Inácio Arruda
(PC do B-CE) e Raimundo Colombo (DEM-SC), dizem que
não vão atuar de forma política.
"Queremos evitar o aspecto político de governo passado e governo presente. Queremos fazer um trabalho sério, justo e
equilibrado", disse Colombo.
"Se tivermos que investigar o
governo Lula, investigaremos.
Se tivermos que investigar o do
FHC, também faremos. O que
não podemos é transformar a
CPI em um campo de batalha",
completou Arruda.
Há cerca de 270 mil ONGs no
Brasil, segundo levantamento
da comissão. Dessas, pouco
mais de 7 mil receberam, a partir de 1999, recursos da União.
No plano de trabalho apresentado ontem, ele separou em
três os níveis de repasse: de até
R$ 200 mil anuais, que engloba
quase a totalidade das instituições; de R$ 200 mil até R$ 2 milhões (cerca de 50 entidades); e
mais de R$ 2 milhões (cerca de
200 entidades). Em tese, só os
dois últimos serão analisados.
O plano apresentado também prioriza a investigação de
ONGs e Oscips (Organizações
da Sociedade Civil de Interesse
Público) com suspeitas já constatadas e que receberam dinheiro do exterior. Para isso, a
CPI depende do Banco Central.
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