São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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CPI das ONGs investigará cerca de 250 instituições

Um dos alvos é uma entidade ligada a Ideli Salvatti

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI das ONGs decidiu ontem priorizar investigações em cerca de 250 instituições que receberam mais de R$ 200 mil anuais do governo federal desde 1999. Tal decisão inclui a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), que teria ligações com a líder do PT no Senado, senadora Ideli Salvatti (SC).
A entidade recebeu R$ 5,2 milhões entre 2003 e 2007 da União e é acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro público destinado a formar e qualificar mão-de-obra rural. Parte do dinheiro teria sido utilizado para financiar campanhas do PT. A federação nega o uso político das verbas federais.
Em nota divulgada no final de setembro, Ideli diz que é "natural" sua ligação com lideranças da agricultura familiar, já que ela defende o setor. Para ela, entretanto, "isso não implica que eles tenham qualquer participação em supostas ilegalidades perpetradas para o desvio de recursos públicos".
O relator e o presidente da CPI, senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Raimundo Colombo (DEM-SC), dizem que não vão atuar de forma política. "Queremos evitar o aspecto político de governo passado e governo presente. Queremos fazer um trabalho sério, justo e equilibrado", disse Colombo.
"Se tivermos que investigar o governo Lula, investigaremos. Se tivermos que investigar o do FHC, também faremos. O que não podemos é transformar a CPI em um campo de batalha", completou Arruda.
Há cerca de 270 mil ONGs no Brasil, segundo levantamento da comissão. Dessas, pouco mais de 7 mil receberam, a partir de 1999, recursos da União.
No plano de trabalho apresentado ontem, ele separou em três os níveis de repasse: de até R$ 200 mil anuais, que engloba quase a totalidade das instituições; de R$ 200 mil até R$ 2 milhões (cerca de 50 entidades); e mais de R$ 2 milhões (cerca de 200 entidades). Em tese, só os dois últimos serão analisados.
O plano apresentado também prioriza a investigação de ONGs e Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) com suspeitas já constatadas e que receberam dinheiro do exterior. Para isso, a CPI depende do Banco Central.


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