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SALÁRIO MÍNIMO
Proposta do Executivo financiaria o aumento para R$ 180
Governistas descartam uso de contribuição de inativos
OTÁVIO CABRAL
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base do governo no Congresso descartou ontem a proposta
apresentada na véspera pelo Executivo de utilizar a contribuição
previdenciária dos inativos para
financiar o aumento do salário
mínimo para R$ 180.
Anteontem, o governo havia
condicionado o aumento à aprovação da proposta. Sem ela, o
maior valor possível para o mínimo seria R$ 173.
Ontem, porém, a contribuição
começou a ser derrubada na reunião da Comissão Mista de Orçamento. Os parlamentares, a maioria da base governista, recusaram
a proposta e apresentaram outra,
que inclui apenas a aprovação dos
projetos de combate à elisão fiscal
e do uso dos dados da CPMF contra a sonegação de impostos.
Até mesmo o líder do governo
na comissão, deputado Ricardo
Barros (PPB-PR), acatou a nova
proposta e descartou a contribuição de inativos. "A questão do salário mínimo está restrita a essas
duas soluções. Vamos restringir
ao que temos mais possibilidades
de aprovar. Outras hipóteses, como imposto da solidariedade e
contribuição de inativos, estão
descartadas. O momento é conturbado, temos de ser conservadores", afirmou Barros.
Horas depois da reunião, membros da Comissão de Orçamento
foram levar a nova proposta ao
ministro Martus Tavares (Planejamento). Ele considerou "um
avanço" a discussão do assunto
com a comissão, mas não acatou a
proposta. Martus garantiu que o
governo não abre mão da contribuição de inativos. "Não dá para
aumentar o mínimo sem aumento de impostos", afirmou.
Minutos depois, no entanto, o
líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), descartou o uso da contribuição de
inativos no aumento do mínimo,
pois considera inviável a aprovação do projeto até o final deste
ano. "Não há condições políticas
de votar a contribuição. Está claro
que não dá para votar neste ano",
declarou Madeira, depois de uma
reunião com líderes partidários
da Câmara e do Senado.
Além do problema político, há
um problema legal. A LDO (Lei de
Diretrizes Orçamentárias) prevê
que toda receita condicionada a
um novo imposto será derrubada
se, um mês depois da entrada em
vigor do Orçamento, a lei que regulamenta a nova taxa não tiver
sido aprovada no Congresso. Assim, o governo só poderia contar
com a contribuição de inativos se
tivesse certeza da aprovação do
projeto até 1º de fevereiro de 2001.
Para dificultar ainda mais a situação, a pauta da Câmara está
travada desde o dia 9 de outubro e
não há consenso para a votação
de projetos.
A nova proposta de aumento do
mínimo defendida pela Comissão
de Orçamento também traz uma
série de dificuldades. Os parlamentares prevêem a arrecadação
extra de R$ 3,4 bilhões com a
aprovação dos dois projetos de
combate à sonegação. Metade seria utilizada no aumento do mínimo e o resto para custear as
emendas dos parlamentares.
Mas os números do governo são
completamente diferentes. Para
Martus Tavares, o governo federal
passará a arrecadar apenas R$ 1,2
bilhão a mais com as novas leis.
Para garantir o mínimo, a comissão propõe incluir no texto do
Orçamento um item prevendo a
utilização da verba das emendas
caso a receita extra seja inferior a
R$ 3,4 bilhões.
Nesse caso, os empecilhos são
os próprios parlamentares. O PPB
já adiantou que é totalmente contrário à retirada das emendas.
Com tantos problemas, a discussão foi adiada para a semana
que vem. Na terça-feira, a Comissão de Orçamento volta a se reunir com Martus.
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