DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB), 70, apresentou na madrugada de ontem o que o boletim médico divulgado pelo Incor (Instituto do Coração) caracterizou como ""um leve distúrbio do ritmo cardíaco".
Apesar disso, os médicos informam que, no geral, o estado clínico do governador ""evolui satisfatoriamente" e que foi superada a fase de maior risco da cirurgia.
""Houve um aumento da frequência cardíaca de forma irregular. Isso é habitual em qualquer pós-operatório e mais observado ainda em quem já é cardíaco", explicou o cardiologista Whady Hueb, integrante da equipe responsável por Covas.
""A fase imediata, que é a mais crítica, acabou, e ele a suplantou muito bem. A parte cardíaca não apresentou nenhum problema maior e de resto tudo está muito bem", disse Raul Cutait, especialista em aparelho digestivo.
Chamado de fibrilação atrial, o distúrbio manifestado pelo coração do governador representa uma modificação no ritmo do batimento cardíaco, caracterizada por batidas rápidas, irregulares e frequentes, que se iniciam na musculatura dos átrios (cavidades do coração).
A alteração pode permanecer por horas ou dias e é controlada por medicação específica. ""A fibrilação se mantém até o momento (12h30 de ontem), mas está controlada e não nos preocupa", completou Hueb.
Ontem, pela primeira vez desde a operação de terça-feira, Covas caminhou pelo quarto. Passou ainda a ingerir quantidades maiores de líquidos e já se preparava para se alimentar com gelatinas.
O governador foi submetido a uma cirurgia de sete horas para a remoção de dois tumores malignos (um entre a neobexiga e o reto e outro no intestino delgado) e que terminou com a extração completa do reto e de parte da neobexiga e do intestino delgado.
A irmã de Covas, Nydia Covas Barrionuevo, declarou que o governador ontem estava ""bravo". ""Ele deveria se permitir ser igual a todo o mundo. São só 48 horas depois da operação e é muito normal ele ter um pouco de dor. Mas ele não se permite isso. Quer estar ótimo, trabalhar. Fala em sair da cama e está ansioso para recomeçar sua atividade normal", disse.

Mau humor
Segundo Nydia, a família pede ""compreensão" para que somente daqui a outras 48 horas as visitas sejam iniciadas. ""É bom que ele se resguarde um pouco."
Na avaliação dos médicos, o mau humor do governador pode ser explicado pela noite maldormida devido à fibrilação e às dores e ao cansaço decorrentes da cirurgia. ""Ele voltou ao normal. Alguém conhece o Mário Covas sem estar bravo? Esse é o melhor sinal de que está se recuperando", declarou o infectologista David Uip, médico particular do governador.
O governador recebeu ontem a visita do ex-ministro Ciro Gomes, do candidato derrotado a vice-prefeito pelo PPS, Emerson Kapaz, e de secretários de Estado.


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