São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Aécio diz que é hora de o PFL fazer concessão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves, mudou o perfil de mineiro que tudo negocia. Não quer um ministério nem qualquer outro prêmio de consolação. Quer presidir a Câmara. "Se alguém tem de fazer concessões neste momento é o PFL."
À frente de um grupo de tucanos preocupados com o que acontecerá ao PSDB depois do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, Aécio trabalha para descolar o partido do PFL. Aposta numa cara nova do PSDB para lançar, com chances reais de vitória, um candidato à sucessão de FHC em 2002.
"Também somos (tucanos) fiéis como base aliada. Mas eles (PFL) é que levam os louros. Até entraram num discurso social que não é deles." (AM)

Folha - Como fica a base de apoio ao governo sem o PFL?
Aécio Neves -
Não falo em rompimento com o PFL. Em seis anos de governo (FHC), o PSDB nunca teve a presidência (da Câmara). A sustentação do governo se dá no Executivo. O PFL não tem esse direito. Insiste por conta de mau costume de alguns que, pela sua liderança, querem impor suas vontades à Câmara.

Folha - O senhor fala do senador Antonio Carlos Magalhães?
Neves -
Não preciso citar nomes.

Folha - Será difícil governar sem o apoio do PFL?
Neves -
Precisamos desmistificar a extensão dessa eleição. Quem ganhar presidirá a Casa. A eleição da Câmara não pode ser submetida ao Executivo. Meu adversário (Inocêncio Oliveira) lançou sua candidatura com apoio de governadores e ministros. Também cobrou o apoio do presidente. Construí minha candidatura no Parlamento.

Folha - Essa postura tira o presidente de uma saia justa, não?
Neves
- É melhor para o parlamento que o presidente seja preservado dessa discussão.

Folha - Quantos votos o senhor tem hoje?
Neves -
Um, o meu. Eu sou mineiro, e em Minas a gente aprende que voto temos apenas o nosso -às vezes nem o da mulher.

Folha - E como o senhor vai fazer para ganhar?
Neves -
Procurarei os parlamentares para dizer que a Câmara não pode submeter seu destino à vontade imperial de quem quer que seja.

Folha - O senhor se refere a ACM?
Neves -
Não preciso citar nomes.


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