Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Inocêncio faz aposta no voto do baixo clero
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há um mês, o líder do PFL na
Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), dizia que "não iria
brincar de eleição". Esperava um
acordo em apoio à sua candidatura à presidência da Câmara. Atropelado pelo lançamento do adversário tucano, deputado Aécio Neves (MG), uniformizou os funcionários do gabinete com camisetas
amarelas e apresentou-se para bater chapa no plenário da Câmara.
A seu favor, ele tem a máquina
do PFL, a experiência de seis anos
como líder e a paciência de receber no gabinete uma romaria de
parlamentares e de pessoas em
busca de afago e favores.
Sem o esperado apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso à sua candidatura -pelo menos por enquanto-, para vencer,
precisa ganhar os votos que seu
adversário ganhará com o acordo
firmado entre PSDB e PMDB.
(ANDRÉA MICHAEL)
Folha - Seu adversário o acusa de
submeter a Câmara ao Executivo
devido à presença de ministros, governadores e do vice-presidente ao
lançamento de sua candidatura.
Inocêncio Oliveira - Isso mostra
unidade. Quem não tem unidade
inventa desculpas. A candidatura
dele (Aécio) é de parte de um partido, fruto de uma briga no Senado. Se no lançamento dele não havia governador nem ministro é
porque ele não tem esse apoio.
Folha - O senhor se sente abandonado pelo presidente?
Inocêncio - Eu diria que não estou satisfeito. Sempre fui leal e por
duas vezes abri mão de me candidatar para manter a base unida.
Não pedirei apoio. Se o partido
quiser, que peça.
Folha - Como o PFL vai votar daqui para a frente?
Inocêncio - Votará pelo país. Não
aceitarei falar de chantagem ou
compensações.
Folha - O senhor teme o acordo
firmado entre PSDB e PMDB?
Inocêncio - Não. Esse bloco
(PMDB-PSDB) tem 200 votos,
dos quais 50 dissidentes. O PFL
tem 105 votos. Então, tenho 150
votos. O jogo está começando e
vou ganhar em primeiro turno.
Folha - Como?
Inocêncio - Político é como
criança: gosta de afago. Também
gosta de palavra. Eu tenho palavra. Vou ganhar com o voto do
baixo clero. Essa é uma casa de
iguais. Todos têm um voto.
Folha - É possível um acordo?
Inocêncio - Até a última hora, tudo é possível. Mas minha candidatura é irreversível.
Texto Anterior: Aécio diz que é hora de o PFL fazer concessão Próximo Texto: Região Norte: Senado aprova plebiscito para criar Estado Índice
|