São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Inocêncio faz aposta no voto do baixo clero

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há um mês, o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), dizia que "não iria brincar de eleição". Esperava um acordo em apoio à sua candidatura à presidência da Câmara. Atropelado pelo lançamento do adversário tucano, deputado Aécio Neves (MG), uniformizou os funcionários do gabinete com camisetas amarelas e apresentou-se para bater chapa no plenário da Câmara.
A seu favor, ele tem a máquina do PFL, a experiência de seis anos como líder e a paciência de receber no gabinete uma romaria de parlamentares e de pessoas em busca de afago e favores.
Sem o esperado apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso à sua candidatura -pelo menos por enquanto-, para vencer, precisa ganhar os votos que seu adversário ganhará com o acordo firmado entre PSDB e PMDB. (ANDRÉA MICHAEL)

Folha - Seu adversário o acusa de submeter a Câmara ao Executivo devido à presença de ministros, governadores e do vice-presidente ao lançamento de sua candidatura.
Inocêncio Oliveira -
Isso mostra unidade. Quem não tem unidade inventa desculpas. A candidatura dele (Aécio) é de parte de um partido, fruto de uma briga no Senado. Se no lançamento dele não havia governador nem ministro é porque ele não tem esse apoio.

Folha - O senhor se sente abandonado pelo presidente?
Inocêncio -
Eu diria que não estou satisfeito. Sempre fui leal e por duas vezes abri mão de me candidatar para manter a base unida. Não pedirei apoio. Se o partido quiser, que peça.

Folha - Como o PFL vai votar daqui para a frente?
Inocêncio -
Votará pelo país. Não aceitarei falar de chantagem ou compensações.

Folha - O senhor teme o acordo firmado entre PSDB e PMDB?
Inocêncio -
Não. Esse bloco (PMDB-PSDB) tem 200 votos, dos quais 50 dissidentes. O PFL tem 105 votos. Então, tenho 150 votos. O jogo está começando e vou ganhar em primeiro turno.

Folha - Como?
Inocêncio -
Político é como criança: gosta de afago. Também gosta de palavra. Eu tenho palavra. Vou ganhar com o voto do baixo clero. Essa é uma casa de iguais. Todos têm um voto.

Folha - É possível um acordo?
Inocêncio -
Até a última hora, tudo é possível. Mas minha candidatura é irreversível.


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