São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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RIO DE JANEIRO

Ex-governador diz que declaração foi "política" e PT a tirou do contexto

PT processará Garotinho por racismo

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretório estadual do PT do Rio de Janeiro decidiu ontem ir à Justiça contra o ex-governador do Estado Anthony Garotinho (PSB), acusando-o de racismo.
O motivo são as declarações de Garotinho numa reunião de seu partido na última quinta, dizendo que mandaria "desinfetar o Palácio Guanabara", sede do governo.
O palácio é hoje ocupado pela governadora Benedita da Silva (PT), negra, que transmitirá o cargo à governadora eleita, Rosinha Matheus (PSB), mulher de Garotinho. "Isso foi uma agressão ao partido e à governadora Benedita da Silva. Não podemos admitir que tal ataque fique impune", afirmou o presidente do PT no Rio, Gilberto Palmares.
Até ontem à tarde, não haviam sido definidos os termos da medida judicial que o PT adotará contra Garotinho. Era prevista divulgação de nota oficial sobre o assunto pelo diretório. O PT decidiu ainda cobrar do PSB uma posição pública sobre as declarações.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Chico Alencar (PT), a medida judicial proposta pelo partido não tem o objetivo de atrapalhar a aliança nacional entre PT e PSB. "Não podemos admitir o racismo expresso nessas declarações."
Procurado pela Folha, Garotinho afirmou que sua declaração foi "sobre política" e que o PT a levou para o lado racial para fugir da discussão política. "Minha frase foi retirada do contexto", disse.
Outro ponto de atrito entre o PT e o PSB no Rio também foi discutido no encontro de ontem: como será a ocupação dos cargos federais no Estado depois da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.
A contradição é que, embora sejam aliados nacionalmente, o PT e o PSB, no Rio, são adversários.
"Queremos deixar claro que, na ocupação desses cargos, quem tem de se fortalecer é o PT", afirmou Orlando Guilhon, coordenador da articulação no Rio.


colaborou FABIANA CIMIERI, free-lance para a Folha


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