São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS BINGOS

Rosângela Gabrilli apresentou, em depoimento, planilha com supostos pagamentos do setor de transportes em Santo André; deputado nega

Empresária diz que pagou propina ao PT

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A empresária do ramo de transportes Rosângela Gabrilli reafirmou ontem à CPI dos Bingos ter contribuído para um esquema de cobrança de propina na gestão de Celso Daniel (PT) em Santo André (SP), cujo dinheiro seria usado em campanhas do PT.
A família Gabrilli, que controla um terço das linhas de ônibus em Santo André, foi a primeira a denunciar ao Ministério Público o suposto esquema de corrupção na prefeitura logo após o assassinato de Daniel, em 2002. Ontem, ela voltou a dizer que a família alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a empresária, o caso foi relatado a Lula por sua irmã, Mara Gabrilli, que hoje chefia a pasta da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo.
"Ele [Lula] estava em São Bernardo e ela foi lá. Pela situação física dela [tetraplégica], foi prontamente atendida", disse. "Ela ficou por volta de 20 minutos, foi muito bem atendida pela primeira-dama [Marisa] e pelo presidente. Tomou café, expôs o que ainda continuava acontecendo na cidade. Ele ouviu com atenção e disse que iria averiguar." O Palácio do Planalto não se pronunciou até o fechamento desta edição.
A empresária entregou cópia de planilha que detalha os valores supostamente extorquidos das empresas entre 1997 e 2001, para abastecer o que chamou de "caixinha" do PT. Nos documentos, há remessas mensais de R$ 20 mil a R$ 50 mil, pagas em dinheiro.
O esquema, segundo Gabrilli, era chefiado pelo então secretário de Serviços Urbanos, Klinger Souza, com a ajuda dos empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva, considerado mandante do assassinato de Daniel pelo Ministério Público.
O relator da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse que há elementos para pedir o indiciamento de Ronan, Klinger e Gomes da Silva por corrupção. Ronan e Klinger negaram o esquema. Gomes da Silva disse que não sabia dos depósitos da família Gabrilli e que o dinheiro teria sido pago por Ronan para quitar serviços de segurança.
O deputado Professor Luizinho (PT-SP), que tem base eleitoral na cidade, ao negar o suposto esquema acusou os empresários de "por 30, 40 anos" terem "facilidades" na cidade. "Com o governo do PT, isso acabou", disse.


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