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Lula pede que governadores só façam oposição em 2010
Petista diz que conversará com "quem for civilizado", mas respeitará "silêncio dos outros"
Presidente diz que espera se reunir logo com todos os governadores e elogia Serra e Aécio, com os quais afirma ter uma "relação histórica"
PEDRO DIAS LEITE
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em encontro com governadores e representantes de 18
Estados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que
vai conversar com todo mundo
que for "civilizado" e pediu a
quem quiser fazer oposição que
espere até 2010, quando ele não
será mais candidato.
"Só não vai conversar quem
não quiser conversar. Quem for
civilizado e quiser fazer política
civilizada vai ter espaço para
uma boa conversa. Quem não
quiser, nós temos de respeitar o
direito de silêncio dos outros",
disse Lula na entrada do encontro que teve com governadores,
no hotel Blue Tree, em Brasília.
O presidente elogiou publicamente os dois principais governadores tucanos, José Serra
(SP) e Aécio Neves (MG), com
os quais disse manter uma "relação histórica de 30 anos", e
disse que ainda espera reunir
todos num encontro em breve.
"A próxima reunião quem sabe seja do Oiapoque ao Chuí,
com todos os governadores,
porque, se alguém quiser fazer
oposição a mim, que faça na
eleição de 2010, quando não serei candidato. E, se eu tiver de
fazer oposição a algum governador, eu deixo para fazer em
2010", discursou o presidente
no almoço com os aliados.
No início do mês, Aécio já havia deixado claro que é contra
uma reunião de todos os governadores com Lula neste ano. O
governador de Minas teme que
o governo consiga impor sua
agenda, mas deixe a dos Estados em segundo plano. "Não
vejo sentido numa reunião que,
neste ano, será mais para tirar
uma foto", disse, no dia 8.
Museu
O governador eleito da Bahia,
Jaques Wagner (PT), um dos
principais conselheiros de Lula, traduziu em termos práticos
a divisão do presidente entre
"civilizados" e "não-civilizados": "Quem tiver futuro vai
conversar. Quem não tem, que
vá pro museu ler pergaminhos". Lula já chamou para
conversar o senador Arthur
Virgílio (PSDB-AM), que chegou a ameaçar "dar uma surra"
no presidente, mas não falará
de jeito nenhum com o senador
Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), por exemplo.
Lula também anunciou que
vai chamar o presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati, que fez duros ataques ao petista nas eleições. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é a principal liderança do
PSDB contrária a uma conversa com o governo federal.
No início do primeiro mandato, Lula chamou todos os governadores para uma conversa,
mas a agenda conjunta parou
no Congresso. Passados quatro
anos, a reforma tributária, motivo primordial do encontro,
teve poucos avanços.
Lula reconheceu os problemas do primeiro mandato, disse que "não há mais governo de
oposição nem governo de situação" e que a relação será "profissional". "A relação de amizade é para coisas íntimas de cada
pessoa humana. A nossa relação tem de ser profissional."
Lula ressaltou que a "disputa
político-ideológica terminou
no dia da apuração" e disse que
a escolha do povo já foi feita.
"Certo ou errado, nós estamos
aqui, eleitos. E eu espero que
esteja certo."
O presidente acenou aos governadores com uma cooperação que, se de fato ocorrer, será
bem diferente da tônica do primeiro mandato. "Quando vocês
tiverem festas, não precisam
me convidar. Mas, quando tiverem crises, por favor, eu serei
parceiro para tentar ajudar a
resolver esses problemas."
Lula deu um sinal de que efetivamente o novo ministério
pode não sair neste ano. "Estou
há mais de 15 dias determinado
a não discutir montagem de governo, não discutir nomes",
disse, para depois ironizar os
jornalistas: "Eu sei que setores
da imprensa já tiraram uns 30
ministros, já colocaram uns 50,
e eu, que deveria tirar, não tirei
nem coloquei nenhum".
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