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Chávez agradece a Lula por CCJ aprovar país no Mercosul
Venezuelano lembra que brasileiro defendeu que país vizinho não é uma ditadura
Secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, também foi lembrado pelo presidente venezuelano, que o chamou de "muito amigo"
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Enfrentando um momento
tumultuado no cenário internacional e em plena campanha
eleitoral, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, agradeceu
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, aos deputados brasileiros e especialmente ao secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, pela
aprovação do ingresso da Venezuela ao Mercosul na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
"Vamos agradecer aos senhores deputados e deputadas
do Brasil, a Lula da Silva, a Celso Amorim, o chanceler. Vou
agradecer pessoalmente ao
meu amigo, o vice-chanceler do
Brasil, Samuel Pinheiro Guimarães, muito amigo, um intelectual brasileiro de quem eu
gosto e respeito muito há bastante tempo", disse Chávez anteontem, durante ato de sua
campanha eleitoral em torno
do referendo sobre a reforma
constitucional, no domingo.
"[Guimarães] foi ao Congresso, Lula o mandou para defender, porque alguns continuam
dizendo que a Venezuela é uma
ditadura. Aqui não tem ditadura, mas alguns se confundem
pelas campanhas internacionais, as campanhas midiáticas",
discursou, com transmissão
pela TV estatal.
"Nós estávamos de costas para o Brasil, de costas para a Argentina, toda a vida. Aqui se
acabaram os "miameros" [que
viajam a Miami], agora serão os
brasileiros, "argentineros", "pernambuqueros" [pernambucanos]", disse Chávez.
Com fama de "antiamericano", Guimarães ocupa o segundo posto mais importante do
Itamaraty e é, como Chávez,
um duro opositor da quase esquecida Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Chávez voltou ainda a agradecer Lula pelo apoio dado na
semana passada ao seu projeto
de reforma constitucional, que
inclui a reeleição indefinida
apenas para presidente e aumenta o mandato de seis para
sete anos. As mudanças também darão direito ao presidente de criar unidades territoriais, como municípios e províncias, e de administrar diretamente a política monetária.
"Lula me disse em privado
[na cúpula do Chile], e isso não
saiu na opinião pública. Agora
Lula disse publicamente: "Ah,
acusam Chávez de ditador porque está propondo uma reforma para ir a outro período. E
por que não acusaram de ditador Margaret Thatcher, ditadora que governou até se cansar
na Inglaterra?'", disse.
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