São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula avalia que FHC age para unir tucanos contra a CPMF

Na opinião do petista, antecessor esperava uma retaliação para pressionar senadores

José Múcio diz que crítica do tucano ao presidente não condiz "com a sua história" nem engrandece "o número de brasileiros que o admira"

KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou que a ação de Fernando Henrique Cardoso no 3º Congresso do PSDB teve o objetivo de tentar inviabilizar a articulação do governo para tentar aprovar a prorrogação da CPMF até 2011.
Para Lula, seu antecessor elevou o tom dos ataques a ele porque sabe que o petista precisa do PSDB para aprovar a prorrogação da contribuição. Na visão do presidente, FHC deseja que ele retalie publicamente para unir os senadores do PSDB contra o governo.
Em conversa reservada na tarde de ontem, Lula se disse sido surpreendido pela alta voltagem dos ataques de FHC na reunião do PSDB. O petista estava particularmente contrariado com a declaração de ele desprezaria a própria educação. Lula chegou a usar as palavras "preconceito" e "despeito" para se referir ao antecessor, segundo relato à Folha de auxiliares diretos do presidente.
Ao discursar no encerramento do encontro do PSDB, FHC afirmou: "Nosso partido tem gente acadêmica, não temos vergonha disso. Tem gente que sabe falar mais de uma língua, e também sabemos muito bem falar a nossa língua. Muitos brasileiros ainda não puderam saber falar bem a nossa língua e muito menos as outras. E nós faremos o possível e o impossível para que saibam falar bem a nossa língua. É por isso que em Minas Gerais o ensino passou para nove anos e não quatro. Queremos brasileiros bem educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria".
Na opinião de Lula, FHC não suportaria a boa avaliação do petista nas pesquisas. Para o presidente, o antecessor insiste em conduzir o PSDB a uma atitude de oposição radical como uma vingança pela oposição dura que o PT fez aos seus oito anos de poder (1995-2002). Em conversas reservadas, Lula faz autocrítica sobre essa ação do PT. Publicamente, já disse que fazia bravatas quando era oposicionista. Ontem, disse que FHC, que já sentara na sua cadeira, deveria ter "mais responsabilidade com o país".

Múcio
Na estréia como coordenador político do governo, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) rebateu as críticas de FHC: "Eu gosto muito do modelo americano, em que ex-presidente não critica quem está na gestão. Acho elegante, acho que ajuda o país. E conhecendo a biografia do presidente FHC, que eu tenho na conta de um homem elegante, não acho uma declaração parecida com a sua história, nem que engrandece o grande número de brasileiros que o admira", disse após a assinatura de sua nomeação.
Múcio disse que o PSDB tem "homens responsáveis" e por isso diz ter esperança de que é possível separar o "discurso político e eleitoral" do "mundo real", no qual, segundo o governo, a CPMF é imprescindível. Sobre as negociações sobre a CPMF, Múcio disse que "qualquer erro, qualquer jogada mal jogada pode mudar o resultado para qualquer dos dois times".


Texto Anterior: Campo Minado: Sem-terra invadem fazenda em São Paulo
Próximo Texto: Berzoini diz que PSDB não pode mais cobrar ética
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.