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Para antropólogo, argumento para permitir garimpo é frágil
DA REDAÇÃO
Entre quem defende a aceleração do projeto que regulamenta a mineração, um dos argumentos usados é que a legalização vai evitar novos conflitos
entre índios e garimpeiros ilegais. Esse raciocínio tomou fôlego em 2004, após o massacre
de 29 garimpeiros por índios
cintas-largas na reserva Roosevelt, em Rondônia.
Porém, é um argumento frágil, pondera o antropólogo Rogério Duarte do Pateo, do Instituto Socioambiental. "Se o problema fosse esse, bastava regulamentar o garimpo indígena,
que tira minério de aluvião. Por
que não se deixa a mineração
industrial para uma discussão
mais cuidadosa, dentro do estatuto, como querem os índios?"
Segundo o antropólogo, o garimpo de aluvião está contemplado no anteprojeto que o Planalto apresentou à CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista) neste ano, para atualizar o projeto de lei que tramita desde 1996. Suas propostas
devem entrar no PL se forem
apresentadas como emendas
pelos parlamentares.
No PL, está previsto que os
índios receberão 3% do faturamento bruto da exploração
-hoje, o dono de uma terra não
indígena recebe até 3% do faturamento líquido.
O deputado Eduardo Valverde (PT-RO), relator da comissão especial na Câmara, defende que os índios não deixarão
de ser ouvidos. "A consulta à
população é o primeiro passo
para tocar essa questão. Podemos pautar a parte econômica
aliada à parte social." Na última
terça-feira, a comissão aprovou
pedidos para as primeiras audiências com organizações indígenas e órgãos do governo.
Pelo roteiro de trabalho
apresentado, o parecer de Valverde só deve ser lido em maio
do ano que vem. Diante disso, a
idéia é pressionar os deputados
nesse período, para que atendam aos apelos da CNPI. A próxima reunião dessa comissão
deve ocorrer entre os dias 12 e
14 de dezembro.
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