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Empresa de Dantas no Pará reclama de "perseguição política"
Rodenburg, que dirige a agropecuária, diz que governo só iniciou ofensiva contra a Santa Bárbara Xinguara depois da Satiagraha
Incra quer desapropriar área arrendada pelo grupo em Santana do Araguaia; já o Estado move uma ação para assumir terras de R$ 10 mi
HUDSON CORRÊA
SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Agropecuária Santa Barbara Xinguara,
Carlos Rodenburg, afirmou à
Folha que a empresa sofre
"perseguição política" do governo do Pará e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária). As declarações foram enviadas à reportagem por sua assessoria.
A agropecuária pertence ao
grupo de Daniel Dantas, ex-cunhado de Rodenburg. De acordo com a Polícia Federal, o
agronegócio foi usado por Dantas para lavagem de dinheiro. O
empresário nega.
A Folha revelou no sábado
que o Incra abriu processo administrativo "para fins de desapropriação" da fazenda Cristalino, em Santana do Araguaia
(PA), área de 52.073 hectares
arrendada pela agropecuária
desde dezembro de 2007 para
criação de gado.
O Incra afirma que atende
reivindicação de "movimentos
sociais que alegam que as terras são improdutivas".
Rodenburg atribuiu todo o
processo a uma "perseguição
política sem argumentação técnica factível".
Já o governo do Pará move
ação judicial para assumir a
posse de terras, avaliadas em
R$ 10 milhões, compradas pela
agropecuária. Para completar,
as fazendas Cristalino e Maria
Bonita -esta de 3.500 hectares, em Eldorado do Carajás
(PA)- foram invadidas por
sem-terra em agosto e julho,
respectivamente.
"A aberrante ilegalidade nisto tudo está nas invasões de
terras altamente produtivas.
Logo após as invasões, a Vara
Agrária de Marabá [PA] concedeu liminar de reintegração de
posse, mas o governo [do Estado] simplesmente não cumpre
a ordem judicial", reclama Rodenburg.
"É curioso apontar que todos
esses processos, declarações de
governantes na imprensa e invasões de terras ocorreram
quase simultaneamente e somente após o começo dessa
ofensiva contra Daniel Dantas,
mais um desdobramento da
mesma perseguição política",
afirmou o presidente da agropecuária.
Novo status
Rodenburg diz que até surgir
a Operação Satiagraha, em julho, "a presença e atuação da
Santa Barbara no Estado recebiam apenas elogios das esferas
institucionais".
O empresário afirma que a
agropecuária gera 1.800 empregos diretos e 8.000 indiretos. "Esta ofensiva que tem como alvo Daniel Dantas, se exitosa, atingirá em cheio milhares de famílias de comunidades
carentes", disse Rodenburg.
O governo do Pará, por sua
vez, afirma que existe "mais de
uma centena" de mandados judiciais de reintegração de posse, um deles de 1994, a serem
cumpridos e nega que haja perseguição à agropecuária.
A Secretaria de Segurança
Pública do Pará diz que faz operações de desocupação por região do Estado ao custo de
R$ 2 milhões cada uma. A prioridade, no momento, é a região
nordeste do Pará e não a sudeste, onde estão localizadas as fazendas da agropecuária.
Ainda de acordo com o governo, há documentos que indicam ilegalidade na compra de
terras, as quais ainda pertenceriam ao Estado. Daí, a ação judicial contra Dantas.
O Incra informa que abriu
processo técnico, após reivindicação "de movimentos sociais".
O instituto diz que "determinou, por intermédio de um procedimento administrativo,
uma vistoria na área. A vistoria
já foi feita e o relatório está sendo elaborado".
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