São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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Empréstimos aumentam na gestão de Mendonça de Barros

da Sucursal do Rio

Na gestão de Luiz Carlos Mendonça de Barros e José Pio Borges, os financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) saltaram de US$ 7,6 bilhões em 1995 para US$ 16,46 bilhões e 1997, e o banco passou a financiar praticamente todos os setores de atividades, inclusive os gastos estaduais.
A brecha para o financiamento aos Estados veio via antecipação de recursos de futuras privatizações estaduais. Por conta delas, o BNDES emprestou aos Estados, no período 96/97, R$ 2,8 bilhões.
O dinheiro foi retornando à medida que as privatizações das empresas foram ocorrendo, mas a torneira foi fechada este ano. A equipe econômica do governo reclamou de que os gastos dos Estados com o dinheiro das privatizações foi a maior causa do agravamento do déficit público no final do ano passado.
Com o progressivo fim do uso das chamadas "moedas podres" (títulos de dívidas públicas de longo prazo) para a compra de empresas privatizadas, o BNDES passou também a fornecer como alternativa ao mercado financiamento para a compra de empresas estatais.
O banco financiou, inclusive, consórcios integrados por empresas estrangeiras, como o que comprou a distribuidora de energia elétrica baiana Coelba, liderado pelo grupo espanhol Iberdrola.
O consórcio recebeu R$ 487 milhões do banco. Pelo financiamento a grupos estrangeiros, o BNDES recebeu muitas críticas.
O banco vem sendo nos últimos tempos também um dos instrumentos da política do governo de financiamentos às exportações. No ano passado os desembolsos para essa finalidade atingiram US$ 1,18 bilhão, estando prevista para este ano a aplicação de mais de US$ 2 bilhões.
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Única fonte
Desde a sua fundação, nos anos 50, o BNDES tem sido praticamente a única fonte interna de financiamentos de longo prazo para a atividade econômica.
No começo dos 90, o banco passou a comandar o programa de privatizações do governo federal, uma tarefa que havia exercido embrionariamente no governo do ex-presidente José Sarney (85-90).
Com o mergulho nas privatizações e a crise vivida pelo país no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (90/92), os empréstimos do BNDES ficaram em patamares bastante baixos, sempre na faixa de US$ 3 bilhões anuais de 90 a 93.
Em 1994, ainda no governo do ex-presidente Itamar Franco, a melhoria das condições de captação de recursos no mercado internacional propiciou o início de uma grande recuperação da capacidade de financiamento do banco, chegando os desembolsos naquele ano a US$ 5,5 bilhões.
O número saltou para US$ 7,6 bilhões em 1995; US$ 9,6 bilhões em 1996; e para o recorde de US$ 16,46 bilhões em 1997. Para este ano, com a escassez de recursos no mercado, é esperada uma queda para US$ 16 bilhões, que poderá se aprofundar no ano que vem. (CHICO SANTOS)


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