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Serra e Paulo Renato culpam base aliada
da Reportagem Local
Políticos tucanos da área "desenvolvimentista" do governo criticaram a base aliada pela saída dos irmãos Mendonça de Barros e de
André Lara Resende (BNDES).
O ministro José Serra (Saúde)
disse ontem no Rio que a disputa
dos partidos da base governista
por espaço político contribuiu para o episódio do grampo.
Para Serra, as alianças do governo têm que ser revistas. "As alianças, do ponto de vista quantitativo,
devem prosseguir, porque o governo precisa de maioria no Congresso. Agora, é inegável que elas precisam ser passadas a limpo."
"As alianças são necessárias, até
por um problema quantitativo do
governo de maioria no Congresso.
Tem que se passar a limpo a forma
como elas vêm funcionando. É revisar, ver exatamente o que aconteceu e por que está acontecendo".
"A procura de espaço político
ajudou a que esse processo (o dos
grampos) tivesse esse desenlace,
ou seja, a disputa de partidos políticos, na expectativa de ganharem
mais espaço uns às custas dos outros. Essa atitude, em vez de trazer
espaço para esses partidos, prejudica o conjunto do funcionamento
do governo", disse Serra.
Ele negou que o governo tenha
saído arranhado do caso, mas afirmou que "o PSDB sai triste com esse desenlace".
²
Crime que compensa
"Eu lamento, porque esse caso
ameaça representar a promulgação, no Brasil, da lei do crime compensa. Essas gravações criminosas
acabaram tendo um efeito, como
se o crime compensasse."
Para Serra, a saída de Mendonça
de Barros, André Lara Resende e
José Roberto Mendonça de Barros
não foi a melhor solução, mas foi
decidida por eles com base em
questões pessoais. O presidente
Fernando Henrique Cardoso, segundo ele, só aceitou a demissão.
Recusou-se a comentar o papel
do diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, indicado
por ele, no episódio.
O ministro Paulo Renato Souza
(Educação) concordou com as críticas de Serra. Ele disse esperar que
o "lamentável desfecho" das demissões sirva para que haja uma
atitude menos preocupada com espaços políticos dentro do governo.
"É um momento de crise, de
união. Espero que a saída deles leve a uma reflexão para o fim dessa
luta interna por espaços políticos",
afirmou Paulo Renato.
²
Covas e Gustavo Franco
Defensor de primeira hora do
nome de Mendonça de Barros para
o ainda inexistente Ministério da
Produção, o governador de São
Paulo, Mário Covas (PSDB), disse
que não gostou "nada" da saída do
ministro.
"Queria que ele continuasse",
afirmou. Covas acrescentou que
não viu irregularidades nas conversas telefônicas entre Mendonça
de Barros e Lara Resende.
Pelo contrário: "O que eu ouvi é
que, aparentemente, estavam falando mal de uma empresa que foi
quem ganhou (o leilão). Quem foi
favorecido com isso?".
Mesmo com a saída de Mendonça de Barros, Covas continua a defender a criação do Ministério da
Produção.
Em sua opinião, o ministério
criaria uma nova "vertente de
ação" no governo, em contraposição à linha do ministro da Fazenda, Pedro Malan, mais centrada na
defesa da estabilidade da moeda.
Covas ressaltou que "Malan faz a
parte dele e faz bem feita".
Para Covas, o Ministério da Produção é uma "simbologia" que o
governo Fernando Henrique Cardoso deve adotar.
Já o principal aliado de Malan, o
presidente do BC, Gustavo Franco,
disse que "só tem a lamentar" a
saída de seus colegas.
"São pessoas que se destacam pela competência e pela ousadia.
Acho que o desfecho em que estiveram envolvidos não engrandece
ninguém", afirmou.
"Creio que a saída dessas pessoas
não muda coisa alguma no processo de privatização, que é um programa do governo e do Brasil",
completou Franco.
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