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Lula critica delegado da PF e defende Mercadante
Presidente diz que senador é inocente e que não entende por que ele foi indiciado
Em evento ontem em São Paulo, presidente recebeu documento de catadores de lixo que pede avanço ao crédito de moradia da classe
Jorge Araújo/Folha Imagem
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Marisa Letícia com catadores de rua no bairro do Glicério, em S. Paulo
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o
senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), indiciado anteontem
pela Polícia Federal sob suspeita de crime eleitoral no inquérito sobre a tentativa de compra
de um dossiê contra tucanos.
"Eu acredito piamente na
inocência do companheiro
Aloizio Mercadante", disse Lula, em entrevista após participar de um ato com catadores de
papel no centro da cidade.
O presidente também fez
uma crítica indireta ao trabalho
da PF. "Eu não consigo compreender como é que os delegados encontraram uma forma de incluir o Aloizio Mercadante
[no indiciamento]. Estou convencido de que é tão inocente
quanto qualquer um de vocês."
Indagado se houve "motivação política" no indiciamento,
ele se esquivou: "Eu não sei, eu
não faço julgamento porque eu
não conheço o relatório. Isso
agora vai para o Ministério Público, que vai dizer se aceita ou
não, e depois para o Supremo
Tribunal, que vai dizer se aceita
ou não, e aí começa o processo".
Lula esteve na sede da Rede
Cata Sampa, criada em 2003
por cooperativas com 300 catadores no Estado. Foi recebido
com aplausos e gritos de "muito
obrigado". Lula renovou uma
MP que possibilita o acesso de
moradores de rua a prédios da
União. Ontem ele acionou uma
prensa metálica, adquirida pelos catadores por R$ 15 mil com
recursos da Petrobras.
O MNCMR (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis), que representa 39 mil trabalhadores, entregou um documento a Lula
no qual diz que "não houve
grandes avanços no ano de
2006 com relação ao crédito de
moradia para os catadores e a
população em situação de rua".
O documento denuncia "o processo de trabalho escravo que
vem sendo praticado no Brasil
por intermediários e atravessadores de material reciclável, inclusive com diversos casos de
assassinatos de catadores".
O MNCMR pediu a "garantia
de que o catador tenha direito à
cidade, isto é, circular pelas cidades, que as suas carroças não
sejam apreendidas nem haja
violência dos guardas civis metropolitanos para retirar o catador de seu trabalho enquanto
trafega pelas ruas".
Lula prometeu, em discursar, "conversar" sobre o assunto com o prefeito Gilberto Kassab (PFL) e o governador eleito, José Serra (PSDB).
Também em documento entregue a Lula, o Movimento
Nacional de Luta e de Defesa
dos Direitos da População de
Rua cobrou de Lula melhorias
na saúde, no trabalho (sugeriu
que empresas ganhadoras de licitações públicas se comprometam a contratar moradores
de rua), habitação (que prédios
abandonados pela União possam ser usados para população
de baixa renda e sem renda) e
justiça, além do início das atividades de um recém-criado comitê interministerial de inclusão social da população em situação de rua. É o quarto Natal consecutivo em que Lula se encontra com representantes de
catadores e moradores de rua.
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