São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2006

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Lula critica delegado da PF e defende Mercadante

Presidente diz que senador é inocente e que não entende por que ele foi indiciado

Em evento ontem em São Paulo, presidente recebeu documento de catadores de lixo que pede avanço ao crédito de moradia da classe

Jorge Araújo/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Marisa Letícia com catadores de rua no bairro do Glicério, em S. Paulo

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), indiciado anteontem pela Polícia Federal sob suspeita de crime eleitoral no inquérito sobre a tentativa de compra de um dossiê contra tucanos.
"Eu acredito piamente na inocência do companheiro Aloizio Mercadante", disse Lula, em entrevista após participar de um ato com catadores de papel no centro da cidade.
O presidente também fez uma crítica indireta ao trabalho da PF. "Eu não consigo compreender como é que os delegados encontraram uma forma de incluir o Aloizio Mercadante [no indiciamento]. Estou convencido de que é tão inocente quanto qualquer um de vocês."
Indagado se houve "motivação política" no indiciamento, ele se esquivou: "Eu não sei, eu não faço julgamento porque eu não conheço o relatório. Isso agora vai para o Ministério Público, que vai dizer se aceita ou não, e depois para o Supremo Tribunal, que vai dizer se aceita ou não, e aí começa o processo".
Lula esteve na sede da Rede Cata Sampa, criada em 2003 por cooperativas com 300 catadores no Estado. Foi recebido com aplausos e gritos de "muito obrigado". Lula renovou uma MP que possibilita o acesso de moradores de rua a prédios da União. Ontem ele acionou uma prensa metálica, adquirida pelos catadores por R$ 15 mil com recursos da Petrobras.
O MNCMR (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis), que representa 39 mil trabalhadores, entregou um documento a Lula no qual diz que "não houve grandes avanços no ano de 2006 com relação ao crédito de moradia para os catadores e a população em situação de rua". O documento denuncia "o processo de trabalho escravo que vem sendo praticado no Brasil por intermediários e atravessadores de material reciclável, inclusive com diversos casos de assassinatos de catadores".
O MNCMR pediu a "garantia de que o catador tenha direito à cidade, isto é, circular pelas cidades, que as suas carroças não sejam apreendidas nem haja violência dos guardas civis metropolitanos para retirar o catador de seu trabalho enquanto trafega pelas ruas".
Lula prometeu, em discursar, "conversar" sobre o assunto com o prefeito Gilberto Kassab (PFL) e o governador eleito, José Serra (PSDB).
Também em documento entregue a Lula, o Movimento Nacional de Luta e de Defesa dos Direitos da População de Rua cobrou de Lula melhorias na saúde, no trabalho (sugeriu que empresas ganhadoras de licitações públicas se comprometam a contratar moradores de rua), habitação (que prédios abandonados pela União possam ser usados para população de baixa renda e sem renda) e justiça, além do início das atividades de um recém-criado comitê interministerial de inclusão social da população em situação de rua. É o quarto Natal consecutivo em que Lula se encontra com representantes de catadores e moradores de rua.


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