São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Dia de Reis

Janeiro será mês de acerto de contas na base aliada. Se o PMDB espera finalmente receber seus cargos no setor elétrico, o PR não está menos ansioso para colocar a mão no Dnit de São Paulo, de Santa Catarina e da Paraíba. E, para todas as siglas, há a expectativa de preenchimento dos postos de terceiro escalão, que são as representações dos ministérios nos Estados.
Sempre compreensivo com a "angústia" dos parlamentares, José Múcio (Relações Institucionais) tem prometido que em 2008 os cargos estaduais serão resolvidos, agora que o segundo escalão está quase todo loteado. Em conversa recente, o ministro reconheceu que apenas 3% desses pedidos já foram atendidos.

Toma lá. Normalmente sem pressa de atender à demanda por cargos, o governo está disposto a agir com um pouco mais de presteza para compensar a gritaria que será provocada pela tesoura nas emendas parlamentares ao Orçamento de 2008, fruto do fim do imposto do cheque.

Outro ramal. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), herói da resistência à prorrogação da CPMF, contesta a informação de que telefonou para Lula pós-derrubada do imposto e não foi atendido. Diz ter ligado, isso sim, para o chefe-de-gabinete do presidente, Gilberto Carvalho.

Assim não. De Gilberto Carvalho, que em nome do governo tentou negociar uma saída para a greve de fome de d. Luiz Cappio, sobre o fato de o bispo de Barra ter chamado o presidente da República de "insensível": "Não houve insensibilidade, mas sim divergência de opinião. Falar assim é tentar desqualificar quem pensa diferente dele".

Sofredor 1. No sábado, Lula ganhou uma camisa autografada do ex-jogador Tobias, goleiro do Corinthians no célebre Campeonato Paulista de 1977, conquistado pelo clube após jejum de 22 anos.

Sofredor 2. No encontro, o presidente disse a Tobias que, na tentativa de ajudar seu time do coração nesta fase tão difícil, já comprou quatro kits "Nunca vou te abandonar". Cada um custa R$ 44,90.

Outro lado. Diz a Secom que o lote de pesquisas contratado pela Presidência da República para avaliar a percepção popular sobre programas do governo federal não guarda relação com as eleições municipais de 2008.

Aniversário 1. A investigação do Ministério Público de São Paulo sobre os contratos de publicidade da Nossa Caixa no governo Alckmin completa na quarta dois anos. Há um ano, o TCE derrubou a tese do "mero erro formal". Por unanimidade, decidiu que houve "vício grave e irremediável" nos contratos com as agências Full Jazz e Colucci e considerou "incompatíveis" os gastos de R$ 28 milhões nos oito meses da campanha reeleitoral do tucano. O período previsto para desembolso era de um ano e meio.

Aniversário 2. Em dezembro de 2006, o promotor Sérgio Turra Sobrane disse que havia "indícios seguros de improbidade, com danos ao patrimônio". Segundo o Ministério Público, o caso ainda está "sob investigação".

Força do hábito. Por distração, pelo menos cinco deputados da base de José Serra votaram a favor de emenda aglutinativa do PT ao Orçamento paulista de 2008. Dada a maioria folgada do governo tucano na Assembléia Legislativa, a emenda não passou, mas ficou a piada de que, de tanto votar a favor, a turma acabou se confundindo.

Mal parado. Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia) quer criar o centro de tecnologia do etanol, idéia que Lula um dia abraçou. Como Dilma Rousseff (Casa Civil) não quer, o mais provável é que não saia centro nenhum.

Tiroteio

"Mudou o estilo, mas continua o descompasso entre discurso e realidade. Como seu antecessor, o ministro Nelson Jobim diz uma coisa, e o que se vê nos aeroportos é outra."


Do deputado RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP), sobre o atraso de mais de um terço dos vôos às vésperas do Natal; o titular da Defesa havia afirmado que todos poderiam "viajar tranqüilos, tomando chimarrão".

Contraponto

Toma que é teu

A confraternização de final de ano entre Lula e seus ministros ocorreu no Palácio da Alvorada na noite de quinta-feira. Na véspera, d. Luiz Cappio havia sido hospitalizado em Petrolina (PE) após quase 23 dias em greve de fome contra a transposição das águas do São Francisco.
O assunto, portanto, ainda estava quente, e vários participantes do jantar aproveitaram para fazer perguntas ao colega Geddel Vieira Lima, que comanda a pasta responsável pela obra. Como o estado de saúde de d. Cappio ainda inspirasse cuidados, o ministro da Integração Nacional inventou uma fórmula para se livrar dos curiosos:
-Estou fora. O bispo agora é problema do Temporão!


Próximo Texto: Governo ignora limite para concessões de canais de TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.