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Brasil forte militarmente é garantia de paz, diz Sarkozy
Lula afirma que país precisa ter "capacidade de dizer não quando tiver de dizer não"
Presidente brasileiro declara
que acordo militar assinado
ontem com o governo
francês ajudará no controle
da Amazônia e do pré-sal
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O presidente Nicolas Sarkozy durante entrevista coletiva no Rio |
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
No dia em que assinou com
seu colega brasileiro um acordo
bilionário na área de defesa, o
presidente da França, Nicolas
Sarkozy, afirmou no Rio que o
Brasil forte militarmente é garantia de paz no mundo. O
acordo, que não teve o valor total revelado, pode chegar a
8,6 bilhões (cerca de R$ 28,6 bilhões), sendo 6 bilhões (cerca
de R$ 19,9 bilhões) para empresas francesas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também ressaltou a
importância de o país ter Forças Armadas preparadas para a
defesa do território e de áreas
como o pré-sal.
"Todos os acordos são conseqüências da vontade do Brasil
de ter instrumentos para favorecer a paz e a segurança do
mundo. Temos confiança no
poder militar a serviço da paz.
Temos consciência de que o
Brasil poderá ter status de potência militar para a paz. A
França pensa que o Brasil poderoso é um elemento de segurança e estabilidade para o
mundo", afirmou o francês.
A parceria foi anunciada ontem, no segundo dia da visita
oficial de Sarkozy ao Rio, com
acertos de cooperação em várias áreas. Foi confirmada a
construção em parceria de
quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear
-o valor não foi revelado-, e
de 50 helicópteros (total de
1,89 bilhão, ou R$ 6,29 bilhões),
com transferência de tecnologia. Indagado sobre notícias
que estimam o acordo entre
6 bilhões e 8,9 bilhões, Nelson Jobim, ministro da Defesa,
disse que era "especulação".
Para Lula, que chamou a parceria de "histórica", uma das
maneiras de um país se tornar
potência é "a capacidade militar, não pensando em atacar
quem quer que seja, mas em se
defender". "É a capacidade de
dizer não quando tiver de dizer
não." Ele afirmou que o novo
acordo vai ajudar "a tomar conta melhor da Amazônia, vai fazer com que o Brasil possa tomar conta do nosso petróleo,
que está em águas profundas, a
mais de 300 quilômetros da
costa marítima".
Sarkozy disse querer ver o
Brasil como "um dos líderes
mundiais" e defendeu a participação do país no Conselho de
Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Sugeriu a ampliação do grupo dos
oito países mais ricos do mundo. "O G-8 não pode se reunir
sem China, Brasil e Índia, é inaceitável. Não podemos tratar
de um grupo sem um país árabe -o Egito, por exemplo. O
Conselho de Segurança tem de
evoluir. Não é possível que o
continente africano não tenha
um assento", disse Sarkozy.
Lula criticou os antecessores
Fernando Henrique Cardoso
(Brasil) e Jacques Chirac
(França). Segundo ele, os dois
"fizeram festa" "há mais de oito
anos" para anunciar a construção de uma ponte entre Brasil e
Guiana, que não está pronta.
Lula prometeu concluí-la.
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