São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

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Brasil forte militarmente é garantia de paz, diz Sarkozy

Lula afirma que país precisa ter "capacidade de dizer não quando tiver de dizer não"

Presidente brasileiro declara que acordo militar assinado ontem com o governo francês ajudará no controle da Amazônia e do pré-sal


Rafael Andrade/Folha Imagem
O presidente Nicolas Sarkozy durante entrevista coletiva no Rio


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

No dia em que assinou com seu colega brasileiro um acordo bilionário na área de defesa, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou no Rio que o Brasil forte militarmente é garantia de paz no mundo. O acordo, que não teve o valor total revelado, pode chegar a 8,6 bilhões (cerca de R$ 28,6 bilhões), sendo 6 bilhões (cerca de R$ 19,9 bilhões) para empresas francesas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também ressaltou a importância de o país ter Forças Armadas preparadas para a defesa do território e de áreas como o pré-sal.
"Todos os acordos são conseqüências da vontade do Brasil de ter instrumentos para favorecer a paz e a segurança do mundo. Temos confiança no poder militar a serviço da paz. Temos consciência de que o Brasil poderá ter status de potência militar para a paz. A França pensa que o Brasil poderoso é um elemento de segurança e estabilidade para o mundo", afirmou o francês.
A parceria foi anunciada ontem, no segundo dia da visita oficial de Sarkozy ao Rio, com acertos de cooperação em várias áreas. Foi confirmada a construção em parceria de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear -o valor não foi revelado-, e de 50 helicópteros (total de 1,89 bilhão, ou R$ 6,29 bilhões), com transferência de tecnologia. Indagado sobre notícias que estimam o acordo entre 6 bilhões e 8,9 bilhões, Nelson Jobim, ministro da Defesa, disse que era "especulação".
Para Lula, que chamou a parceria de "histórica", uma das maneiras de um país se tornar potência é "a capacidade militar, não pensando em atacar quem quer que seja, mas em se defender". "É a capacidade de dizer não quando tiver de dizer não." Ele afirmou que o novo acordo vai ajudar "a tomar conta melhor da Amazônia, vai fazer com que o Brasil possa tomar conta do nosso petróleo, que está em águas profundas, a mais de 300 quilômetros da costa marítima".
Sarkozy disse querer ver o Brasil como "um dos líderes mundiais" e defendeu a participação do país no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Sugeriu a ampliação do grupo dos oito países mais ricos do mundo. "O G-8 não pode se reunir sem China, Brasil e Índia, é inaceitável. Não podemos tratar de um grupo sem um país árabe -o Egito, por exemplo. O Conselho de Segurança tem de evoluir. Não é possível que o continente africano não tenha um assento", disse Sarkozy.
Lula criticou os antecessores Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Jacques Chirac (França). Segundo ele, os dois "fizeram festa" "há mais de oito anos" para anunciar a construção de uma ponte entre Brasil e Guiana, que não está pronta. Lula prometeu concluí-la.


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