|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Silvio Pereira é primeiro réu do mensalão punido
Ex-secretário-geral do PT faz acordo com Procuradoria Geral da República
Pena alternativa o obriga a prestar 750 horas de serviço comunitário, não ocupar cargo público e comparecer à Justiça todo mês em 3 anos
ANA PAULA BONI
DA REDAÇÃO
O ex-secretário-geral do PT
Silvio Pereira é o primeiro dos
40 réus do mensalão a receber
punição da Justiça. Ontem, ao
assinar em São Paulo um acordo proposto pelo procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, Silvinho, como é chamado por correligionários, teve suspenso por três
anos o processo penal em troca
de cumprir condicionantes.
Nesse período, o ex-petista
não poderá ocupar cargo público (comissionado ou concursado), terá de prestar serviços comunitários, comparecer mensalmente à Justiça e informar
quando se ausentar da cidade
por mais de oito dias. Se não
cumprir a pena estabelecida, o
processo será retomado. "A
única certeza que tenho é que
não era nunca para eu estar entre os 40", afirmou ele.
Qualificado na denúncia feita
pelo procurador-geral ao Supremo Tribunal Federal como
integrante do "núcleo central
da quadrilha" do mensalão, Silvio foi acusado de formação de
quadrilha, peculato e corrupção ativa, mas o STF só recebeu
a denúncia em relação ao primeiro delito, para o qual o Código Penal prevê pena de prisão
de um a três anos. A denúncia
dos 40 denunciados foi julgada
pelo STF em agosto de 2007.
Ao ser questionado pela imprensa, Silvio não quis comentar o recebimento de uma Land
Rover. Em novembro de 2004,
ele ganhou o jipe de presente da
empresa GDK, que tinha contrato com a Petrobras.
Pressionado à época do escândalo, ele acabou devolvendo
o carro em 2005 e pediu desfiliação do partido. Silvio é apontado como o responsável pela
distribuição de cargos de segundo escalão no governo Lula.
Ontem, ao se defender, ele jogou a culpa sobre outros dirigentes do PT e disse não ter cometido erros "pessoalmente".
"Fiz parte da direção partidária, por isso fui responsável pelos erros [da direção]", disse.
Proposto em novembro, o
acordo previa a suspensão dos
direitos políticos de Silvio, o
que o impediria de disputar
eleição. Após negociação com a
defesa, a cláusula foi retirada.
Como ele não está filiado a nenhum partido, na prática não
poderia concorrer às eleições
deste ano (o prazo para a filiação se esgotou), mas nada o impede de se candidatar em 2010.
"Não aceitei [a suspensão dos
direitos políticos] não porque
pretendo ser candidato, até
porque em 24 anos de PT não
fui candidato. Foi uma questão
simbólica", afirmou. "Nunca tive carreira política. E não pretendo iniciar agora." O ex-petista disse não ter hoje nenhum
"motivo nem entusiasmo para
participar da vida partidária".
Agora, diz, só quer continuar
ajudando no restaurante da família. "Estou muito feliz em
trabalhar pilotando um fogão."
A serem estabelecidos por
órgão da Prefeitura de São Paulo conveniado com a Justiça, os
trabalhos comunitários que ele
prestará devem ser definidos
de acordo com a necessidade de
funcionários e disponibilidade
de vagas em escolas e hospitais,
por exemplo. Deverão ser 750
horas de serviços em três anos.
A legislação penal (Lei 9.099)
prevê a possibilidade da chamada transação penal -suspensão do processo em troca de
condições impostas pela Justiça, como trabalhos comunitários- quando o réu responde a
um crime cuja pena mínima é
de até dois anos de prisão. Dos
40 réus do mensalão, ele o único nessa situação.
Ontem, Silvio seria interrogado pela juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal, caso não assinasse o acordo.
Foi o segundo dia de interrogatórios de réus em São Paulo.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|