São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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DIRETAS-JÁ / 25 ANOS DEPOIS

Brasileiro é contra intervenções do governo

69% dos brasileiros dizem que União não pode proibir existência de partido político, segundo Datafolha

DA REPORTAGEM LOCAL

O brasileiro se posiciona contra intervenções do governo na vida das pessoas e de instituições da sociedade civil e tem posicionamento ainda mais radical em relação a atos de proibição e censura. É o que mostra o Datafolha. Para 55%, o governo não poderia intervir em sindicatos, enquanto 62% acham que governo não deve ter direito de proibir greve e 69% defendem que governo não pode proibir a existência de partido político, qualquer que seja ele.
Entre os que discordam da possibilidade da proibição da existência de um partido, destacam-se os jovens de 16 a 24 anos (61%), os que possuem ensino médio (62%), superior (67%), aqueles cuja renda familiar é superior a 10 salários mínimos (72%), os simpatizantes do PT (61%), PSDB (64%) e os que moram no sudeste (61%).
A oposição é mais forte quando se tratam de liberdades relacionadas à política e à imprensa. São 73% os que creem que o governo não deve ter o direito de censurar a mídia. Já 74% acreditam que o governo não deve poder fechar o Congresso.
"Os dados são bastante positivos para o aspecto da democracia chamado, por alguns estudiosos, de liberdades negativas, ou seja, o poder da população sobre o que ela não quer que o Estado faça, algo como uma restrição à ideia de poder autoritário", diz o professor de ciência política da USP Cícero Romão Resende de Araújo, especialista em teoria de democracia e moralidade política.
O professor diz, no entanto, que outro aspecto da democracia está mais fragilizado na atualidade, o das liberdades positivas ou aquilo que a sociedade quer que o Estado faça.
"Você precisa de uma sociedade política forte, independente da administração do Estado e de interesses corporativos, das vontades do chamado "soft power" do dinheiro. Mas hoje pode haver uma impressão de que os partidos são extensões de corporações e que o Parlamento é uma espécie de Federação das corporações."
Como exemplo dessa fragilidade, ele cita a baixa aprovação ao Congresso. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, ele obteve sua melhor marca, mas com apenas 19% de ótimo ou bom. Já 31% dos entrevistados disseram considerar ruim ou péssimo o desempenho dos deputados e senadores.
Para Araújo, as Diretas-Já marcaram o ponto alto de encontro entre a sociedade civil e uma sociedade política forjada nos últimos anos da ditadura.


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