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Anhangabaú e Sé deixaram a cena política
DA REPORTAGEM LOCAL
Palcos das grandes manifestações de 1984 pelas Diretas, o vale do Anhangabaú e a
praça da Sé, ambos no centro
de São Paulo, foram pouco a
pouco perdendo importância na vida política da cidade.
Na eleição para a prefeitura da capital em 2008, por
exemplo, nenhum dos três
principais candidatos -Gilberto Kassab (DEM), Marta
Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB)- realizou comícios nesses locais. A festa pela vitória de Kassab, no segundo turno, foi feita em
frente ao Teatro Municipal.
Para o arquiteto Pablo Hereñu, autor da tese de dissertação "O Vale Como Barreira", a reforma iniciada pelo
prefeito Jânio Quadros e
concluída em 1991, por Luiza
Erundina, afastou o povo do
Anhangabaú, que, em 1984
abrigou o maior comício das
Diretas, com cerca de 1 milhão de pessoas.
"O espaço físico hoje dificulta grandes aglomerações,
pelo desenho dos canteiros",
diz. Segundo ele, as mudanças implementadas na praça
da Sé também ajudaram a tirá-la do epicentro político.
"Atualmente, a única grande manifestação política, que
é a Parada Gay, acontece na
Paulista, por exemplo", diz.
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso relembra
o comício do dia 25 de janeiro de 1984 na praça da Sé:
"O [Franco] Montoro [então governador, morto em
1999], quando queria uma
coisa, ele queria muito. Então, nós resolvemos nos mobilizar e fazer o comício. Dia
25 de janeiro é também o dia
da fundação da USP e eu, senador, estava com o Montoro em uma solenidade lá. Foi
então que o José Gregori [ex-ministro da Justiça] telefonou para a gente da Sé dizendo: "Venham para cá porque
está enchendo muito e os alto-falantes não alcançam a
população". Todos ficaram
amedrontados porque começou a chover gente. Foi
completamente surpreendente. Daí por diante pegou
fogo", diz FHC.
(FM E JAB)
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