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DIRETAS-JÁ / 25 ANOS DEPOIS
Serra e Dilma veem no país democracia "consolidada"
Tucano e petista lutaram contra a ditadura militar
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dos nomes sempre lembrados para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que estiveram na resistência à ditadura, o governador de
São Paulo, José Serra (PSDB), e
a ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff (PT), dizem que a democracia está "consolidada".
Serra chegou a ser exilado no
Chile, no Uruguai e na Bolívia, e
Dilma militou em movimentos
da luta armada. Ambos mantêm relacionamento cordial até
hoje em larga medida por conta
de seus passados políticos.
Os dois apontam a necessidade de avanços nos próximos
anos. "Avançamos em termos
de liberdades democráticas,
mas falta ainda maior amadurecimento institucional. Não
vejo grandes ameaças a ela.
Mas isso não significa que mantê-la não pressuponha atenção
e empenho permanentes para
combater os desvios na origem", diz Serra, para quem uma
democracia está consolidada
"quando a maioria das pessoas
considera impossível pensar
em outra forma de funcionamento do sistema político e social". "É o nosso caso hoje."
Ele é contra o voto obrigatório: "Sou a favor do voto facultativo, mas sei que é uma tese
que dificilmente prevalecerá,
encontra muita resistência".
Para Dilma, as Diretas-Já
"foram uma forma de a sociedade dizer que este país é grande e plural demais para que fique sob regime de força".
Dilma afirma que, desde então, o Brasil criou uma democracia "robusta", inclusive em
momentos de crise. A ministra
vê a necessidade de aumentar a
participação da população na
política. "O governo tem buscado essa relação direta com a sociedade. Veja os encontros com
grupos de negros, da sociedade
civil, de gays e tantos outros."
Para Serra, que esteve nas Diretas-Já, um dos argumentos
de sustentação da ditadura foi o
de que o regime era a "receita"
para o desenvolvimento econômico, o que também foi dito
após a redemocratização.
"Mas, mesmo depois da volta
da democracia, tivemos mais
de dez anos de superinflação,
com crescimento médio lento,
até hoje. Na verdade, é um
equívoco essa visão economicista do regime político."
Outro ponto destacado por
Dilma é a necessidade de fortalecer os partidos. "É claro que é
preciso pensar na questão das
oligarquias partidárias, mas
uma reforma política precisa
pensar no fortalecimento dos
partidos", diz ela, para quem o
PT tem uma história importante nesse aspecto.
(FERNANDO BAR ROS DE MELLO E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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