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Coronel extraditado pelo Brasil dará o 1º depoimento à Justiça
Acusado de crimes na ditadura, Manuel Cordero chegou sábado à Argentina
Duda Pinto - 23.jan.10/France Presse
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Manuel Cordero é levado para ser extraditado para a Argentina
DE BUENOS AIRES
É aguardado para hoje, em
Buenos Aires, o primeiro depoimento à Justiça do coronel
reformado uruguaio Juan Manuel Cordero, 71, extraditado
pelo Brasil no último sábado.
Cordero é acusado de violações
dos direitos humanos durante a
a ditadura militar argentina.
Os crimes imputados a ele,
cometidos no marco da chamada Operação Condor (união das
ditaduras do Cone Sul em ações
repressivas nas décadas de
1960 e 1970) incluem a responsabilidade pelo desaparecimento de 11 militantes e o sequestro de um bebê.
Entre as supostas vítimas de
Cordero está a argentina María
Claudia García Iruretagoyena,
nora do poeta Juan Gelman. A
ditadura apropriou-se do bebê
que María Claudia teve com
Marcelo Gelman, seu marido,
também desaparecido.
Depois de 23 anos de busca e
com o apoio de 100 mil assinaturas em sua "Carta Aberta ao
Meu Neto", Gelman, que desconhecia o sexo do bebê, conseguiu identificar e localizar no
Uruguai a neta, Macarena.
"Que ele seja julgado como
deve ser", disse Macarena Gelman, após saber da extradição
de Cordero.
O processo contra Cordero
está hoje sob a responsabilidade do juiz Norberto Oyarbide,
um dos mais notórios e polêmicos da Argentina.
Oyarbide, que reconstruiu
sua imagem depois de um escândalo sexual que quase o fez
perder o cargo nos anos 1990,
tem hoje sob sua alçada a maioria das causas que envolvem
suspeita de corrupção no governo Cristina Kirchner.
O juiz foi intensamente criticado pela imprensa argentina
por sua recente decisão de inocentar Néstor e Cristina Kirchner na causa que investigava
suposto enriquecimento ilícito
do casal, cujo patrimônio aumentou 158% em 2008.
Supõe-se que, após o depoimento para Oyarbide, Cordero
permaneça no presídio de Marcos Paz, a 48 km de Buenos Aires, onde está detido o ex-capitão da Marinha Alfredo Astiz, o
Anjo Louro da Morte.
Também estão no presídio
outros acusados na chamada
megacausa Esma (Escola de
Mecânica da Marinha), que foi
o principal centro clandestino
de repressão da ditadura em
Buenos Aires. O julgamento
dos repressores da Esma começou em dezembro passado, em
Buenos Aires, e está em curso.
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