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Vítima de sequestro reencontra acusado do crime em audiência
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Processo que tramita na 18ª
Vara Cível de Porto Alegre será
responsável por promover, em
fevereiro, o reencontro da vítima de um sequestro e o acusado de executar o crime durante
a ditadura militar (1964-1985).
Em novembro de 1978, os
uruguaios Universindo Díaz e
Lílian Celiberti, ativistas da organização esquerdista PVP
(Partido para a Vitória do Povo)
que viviam exilados na capital
do Rio Grande do Sul, foram
presos, torturados e mandados
de volta ao país de origem, onde
passariam cinco anos na prisão.
Os dois e também os dois filhos menores de Lílian foram
sequestrados por um comando
formado por policiais brasileiros e militares uruguaios, numa
ação da Operação Condor.
O caso voltou à tona 31 anos
depois porque um dos acusados
de manter Lílian em cativeiro,
o ex-agente do Dops João Augusto da Rosa, ingressou com
uma ação de danos morais contra o jornalista Luiz Cláudio
Cunha, autor do livro "Sequestro dos Uruguaios - Uma reportagem dos tempos da ditadura".
Os policiais envolvidos
-além de Rosa, Orandir Lucas
(morto em 2005)- sempre negaram ter participado da ação.
Processados por abuso de autoridade, foram condenados
em 1ª instância. Rosa recorreu
e foi absolvido. Ele, que na época do crime era conhecido pelo
codinome agente Irno, pede
uma indenização alegando ter
sido ridicularizado no livro.
Uma das testemunhas arroladas pelo escritor é Lílian Celiberti, que ficará frente a frente
com o ex-agente na audiência.
"Vou à audiência por obrigação, porque este senhor não é
um cidadão comum, mas um
delinquente que não pagou por
seu crime", diz Lílian.
Rosa, que atualmente é inspetor da Polícia Civil gaúcha,
não respondeu aos pedidos de
entrevista. O advogado que o
defende, Newton Jankowski,
disse que seu cliente não evitará o encontro com a vítima do
sequestro, mas afirmou que Lílian não tem independência para testemunhar porque já recebeu indenização do governo
gaúcho.
(GRACILIANO ROCHA)
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