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DEFESA
Negócio de cerca de US$ 700 milhões, o programa F-X para defender Brasília deve ser definido em meados de março
Para militares, compra de caças é teste para governo
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do Carnaval, provavelmente em meados de março, o
governo federal deverá decidir sobre a compra de novos caças para
a FAB (Força Aérea Brasileira). O
resultado da licitação, um negócio
de cerca de US$ 700 milhões, está
sendo visto pelos militares como
uma espécie de teste das intenções da administração petista em
relação às Forças Armadas.
Durante a campanha eleitoral o
candidato Luiz Inácio Lula da Silva havia prometido mundos e
fundos aos militares, que votaram
maciçamente nele. O discurso nacionalista de Lula era particularmente agradável aos homens de
farda, assim como a promessa de
modernização do equipamento.
Durante encontros no Clube da
Aeronáutica entre militares da reserva e os então candidatos, em
setembro de 2002, Lula foi o mais
aplaudido pois falou exatamente
o que os militares queriam ouvir.
Defendeu a continuidade de
projetos como o submarino nuclear da Marinha e o Veículo Lançador de Satélites da Aeronáutica,
a troca dos caças e uma maior
presença militar na Amazônia.
"Eu quero dormir tranqüilo sabendo que tenho Forças Armadas
fortes velando pelo meu sono",
declarou Lula então. O presidente
Lula não só ainda não cumpriu
essas promessas, como atrasou
em mais de um ano a compra dos
caças, o chamado programa F-X
-cuja função é justamente a defesa aérea da região de Brasília.
O contigenciamento de verbas
também afeta Marinha e Exército.
A insatisfação é geral entre oficiais
ouvidos pela Folha, que já comparam Lula com Fernando Henrique Cardoso, que fez grandes cortes nas despesas militares.
Cortes
Mesmo que em termos percentuais a área de defesa tenha recebido cortes menores que outros
ministérios, o contingenciamento
é grave pois afeta projetos que
vêm sendo tocados há vários
anos, além de comprometer o
adestramento da tropa.
Um exemplo é o que acontece
com uma corveta em lenta fabricação no Rio, a Barroso. As quatro primeiras corvetas da classe
Inhaúma foram construídas, em
média, em seis anos cada uma.
Em países do Primeiro Mundo,
esse tipo de navio costuma ser
construído em três a quatro anos.
A Barroso teve a construção iniciada em 1994, e no ritmo atual, só
fica pronta em 2006 -o dobro do
tempo de suas irmãs de classe, e
três a quatro vezes mais lentamente do que poderia ser feito.
Qualquer navio que leve doze
anos para ficar pronto fica obsoleto mais rapidamente, e as modificações necessárias ao longo da
construção para evitar isso também podem aumentar seu custo.
Submarino
O mesmo vale para o submarino Tikuna, o quarto a ser construído no país. Seu acabamento
está previsto também para 2006
-nove depois depois de iniciado.
Justamente pelo tempo necessário para projetar e construir um
novo navio a Marinha tem que
planejar com antecedência.
A lista de navios a serrem construídos inclui submarinos, navios
de escolta, navios de apoio, caça-minas, navios-patrulha, navios de
hidrografia e oceanografia. Além
disso, o porta-aviões São Paulo
precisará de aviões-radar de alarme antecipado para poder operar
com eficiência.
Se faltarem os recursos para essa paulatina substituição de
meios, a Marinha vai ter o mesmo
destino da FAB: obsolescência em
bloco simultânea.
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