São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Grupo pretende também ampliar diálogo com Serra e aumentar ataques a PT para tentar emplacar candidatura de governador ao Planalto

Em busca de vaga, alckmistas cortejam Tasso

Sérgio Lima - 21.fev.06/Folha Imagem
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), toma um café no lançamento de livro do secretário Gabriel Chalita (Educação)


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL

Na reta final da disputa interna do PSDB, os partidários da candidatura de Geraldo Alckmin adotaram como estratégia se aproximar do presidente do partido, Tasso Jereissati, atacar o PT e Lula e abrir canais de diálogo com o prefeito José Serra.
O governador paulista estima para os próximos 15 dias a decisão do partido e não está disposto a desistir da pré-candidatura, mas tem sido aconselhado a não esticar ainda mais a corda da disputa interna, deixando de martelar a tecla das prévias tucanas.
Nesta semana, a tese das prévias irritou Tasso a ponto de ele ter afirmado que, caso aconteçam, será uma derrota pessoal sua.
O grupo pró-Alckmin, no entanto, não admite a hipótese de um "mea-culpa" do governador ou de um "apelo partidário" a Serra, "amarrado" -nos dizeres dos soldados alckmistas- à cadeira de prefeito de São Paulo.
De volta de uma visita rápida aos Estados Unidos, Alckmin pregará o "exemplo norte-americano" de consulta partidária para sustentar suas ações até agora e que lhe renderam o apelido de "pitbull". Os dois principais partidos americanos (Republicano e Democrata) usam as prévias para escolher seus candidatos.
Ao "esfriar" a disputa, Alckmin também inicia um processo de recomposição da unidade partidária, esgarçada com o cabo-de-guerra em que se transformou o processo de escolha do presidenciável tucano.
A semana também revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua ganhando terreno na disputa eleitoral. Levantamento feito pelo Datafolha, na segunda-feira e na terça-feira, mostrou que o petista ganharia hoje tanto de Serra como de Alckmin no primeiro e no segundo turno.
O prefeito de São Paulo, porém, desponta como o candidato mais competitivo no cenário atual.

Montoro
Em resposta ao grupo de José Serra, que nesta semana evocou a memória de Franco Montoro para pedir a Alckmin que retirasse sua pré-candidatura, ele tem dito que o governador, morto em 1999, sempre estimulou os debates e a democracia interna.
Em 1984, Montoro, então governador de São Paulo, era apontado como o provável nome do PMDB para disputar a Presidência, em caso de eleições diretas. Mas a emenda das Diretas-Já não foi aprovada e Montoro abriu mão da candidatura em favor da de Tancredo Neves, que foi eleito de maneira indireta.
Alckmin e o próprio Serra são originários da ala "montorista" do PSDB paulista. No entorno do governador, há quem acredite que ele avançou o sinal, mas que ainda é tempo de uma recomposição com Tasso e com os outros integrantes da cúpula tucana: o governador de Minas Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio José Serra, que disputa com o governador a condição de candidato tucano à sucessão de Lula.
Alckmin sabe da angústia de Serra, que deverá tomar sozinho a decisão de deixar a prefeitura ou ficar no cargo, e não quer colocar mais lenha na fogueira. Por isso, nos próximos dias, quando cumprirá agenda carnavalesca, tentará concentrar suas declarações na crítica ao governo Lula, especialmente no resultado do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu 2,3%, segundo o IBGE, deixando de lado a disputa interna.
Emissários de Alckmin também farão sondagens sobre a viabilidade de um encontro entre ele e Serra logo após o Carnaval. Antes disso, o governador deverá ir ao sambódromo carioca amanhã, convidado pelo vice-prefeito do Rio, Otávio Leite (PSDB).
O destino de outros tucanos permanecia incerto. FHC deve passar o Carnaval em uma praia, Aécio Neves, irá para o Canadá, e José Serra para um "retiro".


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