São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@folhasp.com.br

Natimorta

Mal se livrou da encrenca da "guerra de documentos" do PT, Tarso Genro passou a ser pressionado a retirar a chancela governamental da proposta de reforma política encaminhada pela OAB e outras entidades. O motivo é a forte reação do Congresso ao projeto que, entre outras mudanças, reduz os mandatos dos senadores e institui a possibilidade de "recall" de parlamentares. O ministro das Relações Institucionais já desmarcou três vezes reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar do tema, o que foi lido como sinal de recuo. Na terça, Tarso encontra-se com o presidente da OAB, Cezar Britto, que tem expectativa um tanto diversa: "Esperamos que o governo assuma a proposta e, a partir daí, seja feita a negociação com o Congresso".

Lula 3. Do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), defensor de plebiscito para permitir que o presidente dispute um terceiro mandato: "Falar em nome do povo é fácil. Quero ver é dar poder para o povo".

Devanir 0. De Lula, em conversa com partidos aliados, sobre os esforços de seu amigo Devanir para lhe dar a possibilidade de concorrer em 2010: "Há um ano não queria nem aparecer em foto do meu lado. E agora fica inventando essas bobagens".

Operante. Nos últimos dias, Lula andou recomendando "neutralidade" a peemedebistas que se inclinavam a apoiar Michel Temer na disputa pela presidência do PMDB. Para bom entendedor, já é meio pedido de voto em Nelson Jobim.

Abacaxi. Lula queixou-se a um governador que não passaram por seu crivo os acordos fechados por Arlindo Chinaglia (PT-SP) para se eleger presidente da Câmara. Disse que nunca prometeu entregar um ministério a Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), mas que agora, se não nomear o deputado, será encrenca certa.

Resta um. Duas causas mobilizam José Dirceu no momento: fazer com que o empresário Nelson Tanure compre a revista "IstoÉ" e evitar que Tarso Genro vire ministro da Justiça. A segunda delas já está perdida.

De fato. A reforma se arrasta, mas Alfredo Nascimento (PR-AM) já se movimenta como ministro dos Transportes, cargo que ocupou até 2006. Conversa diariamente com seu sucessor, Paulo Passos, que deve voltar à Secretaria Executiva, e já discute obras rodoviárias com parlamentares e governadores.

Pressa para quê? Ao comentar a inadequação do perfil de Waldir Pires para o gerenciamento da crise aérea, um ex-colaborador se lembrou de piada contada à época em que o ministro da Defesa era governador da Bahia. Alguém lhe perguntava se queria o café com açúcar ou adoçante, e ele respondia: "Mas eu preciso decidir agora?".

Em pauta 1. Além de propagandear o biocombustível, Lula pedirá a George W. Bush, em suas reuniões com o presidente americano no Brasil, que encampe os esforços pela conclusão dos acordos comerciais da rodada de Doha.

Em pauta 2. Para não perder o costume, Lula fará novo apelo para que o Brasil consiga vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Bônus. O general Francisco Albuquerque, que acaba de deixar o comando do Exército, ocupará uma cadeira no Conselho da Petrobras. Por uma reunião mensal, receberá passagens, diárias e um jeton de cerca de R$ 7 mil.

Forma final. Ainda faltam alguns ajustes, mas a cúpula do novo Partido Democrata, ex-PFL, deve ficar assim: Rodrigo Maia na presidência, Gilberto Kassab no comando do conselho político e Jorge Bornhausen à frente da Fundação Liberdade e Cidadania.

Tiroteio

O governo aceitou o fracasso de sua política de segurança. Só falta agora substituir policiais por professores e transformar presídios em escolas técnicas.


De JOSÉ VICENTE DA SILVA , ex-secretário nacional da Segurança Pública, sobre declaração do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), segundo quem o governo combate a violência com emprego e educação.

Contraponto

Todo poderoso

Secretário do governo do Maranhão no início dos anos 90, Edinho Lobão costumava receber prefeitos do interior, muitos de cidades distantes de São Luís. Certa manhã, ao acompanhar um grupo num passeio de ônibus, ele resolveu fazer graça com o fenômeno da maré nos canais que rodeiam a capital, que ora ficam vazios, ora cheios:
-Já pedi ao presidente da companhia de águas para abrir as comportas. Isso é um absurdo! Vou ligar para ele.
O secretário simulou o telefonema e começou a gritar:
-Quero isso cheio de água à tarde. Não tolerarei atraso!
Na volta da comitiva, o que antes estava seco virou mar, e Edinho se deliciava com os comentários:
-Esse secretário é poderoso, mesmo!


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