São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Ruy Castro estréia como colunista da Folha amanhã

Escritor vai se revezar com Carlos Heitor Cony e Nelson Motta na coluna "Rio", na página 2, em sua 3ª passagem pelo jornal

Carioca de Minas, Castro é autor de biografias sobre Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, além de livros sobre a Bossa Nova

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Ruy Castro é um carioca que nasceu em Caratinga (MG). Como outros mineiros, gaúchos, franceses ou cipriotas, adotou o Rio como casa e causa. Para ele, o que diferencia a cidade de qualquer outra do Brasil é não ser "um amontoado de gente de todos os lugares".
"Aqui, as pessoas se misturam e se tornam cariocas. Elas adquirem uma visão que é a soma de todas as partes", afirma.
É essa visão, fortalecida por um dos textos mais saborosos do país, que Castro mostrará a partir de amanhã na página A2 da Folha, na coluna "Rio". Ele escreverá às segundas e quartas-feiras e aos sábados, revezando-se com Carlos Heitor Cony (terças, quintas e domingos) e Nelson Motta (sextas).
Nos dois primeiros artigos, homenageará Otto Lara Resende, que ocupou o mesmo espaço em 1991 e 1992, e Cony.
"É um rito de passagem necessário. Otto mudou a cara da coluna. Com o peso da marca Otto Lara Resende, ele podia fazer coisas mais pessoais, até confessionais. E Cony manteve a linha, alternando textos evocativos, líricos, com análise da situação política, mas nunca do ponto de vista do comentarista político profissional", diz Castro, que pretende seguir o tom.
Ele estréia no dia em que completa 59 anos, e bem perto de completar 40 anos de imprensa -foi em março de 1967 que ingressou no extinto "Correio da Manhã". Trabalhou em "O Pasquim", "Manchete", "Jornal do Brasil", "O Globo" e "O Estado de S. Paulo", entre outras publicações.
É sua terceira passagem pela Folha. Como repórter ou colaborador, escreveu no jornal de 1983 a 87 e de 1993 a 96.

Risco e prazer
Mesmo quando morava em São Paulo, contribuía com personagens, temas e climas cariocas. Na coluna, é provável que também forneça defesas do Rio contra a imagem da cidade como um parque temático da violência. "O carioca sempre viveu no limite entre o risco e o prazer, entre a dança e a morte, e fazendo de tudo isso um carnaval no fogo, descalço em brasas", diz ele.
"Carnaval no Fogo" (2003) é um de seus 11 livros de não-ficção, quase todos best-sellers, quase todos editados pela Companhia das Letras. Exemplos: "Estrela Solitária", sobre Garrincha, vendeu 78 mil exemplares até hoje; "O Anjo Pornográfico", sobre Nelson Rodrigues, 72 mil; e "Chega de Saudade", sobre a bossa nova, 62 mil. Mas isto só no Brasil, já que há edições em outros países. A biografia de Carmen Miranda (2005), por exemplo, começou agora em Portugal sua carreira internacional.
Em junho sai mais um título: "Tempestade de Ritmos - Jazz e Música Popular no Século 20", coletânea de artigos publicados na imprensa.
Embora já tenha escrito três livros sobre a bossa nova, Castro não é daqueles que idealizam os "anos dourados", o final da década de 1950. Na verdade, seu bordão atual é "nos anos dourados não tinha isso, não". Refere-se, por exemplo, ao número maior de ofertas culturais e à revitalização da Lapa.

Infância no Rio
Com tias no Rio, Castro passou boa parte da infância na cidade, mais especificamente na Lapa e no Flamengo (zona sul).
Na juventude, enquanto estudava ciências sociais na UFRJ e começava no jornalismo, morou no lendário Solar da Fossa, abrigo de Caetano Veloso, Paulinho da Viola e outros -e onde hoje fica o shopping Rio Sul, em Botafogo. Nessa época, conheceu os melhores boêmios e artistas da cidade.
A paixão pela cidade explica os cerca de 3.500 livros sobre o Rio que tem numa só estante. É a sua "guanabarina", diz, adaptando o termo "brasiliana" dado às coleções sobre o país.


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