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Ruy Castro estréia como colunista da Folha amanhã
Escritor vai se revezar com Carlos Heitor Cony e Nelson Motta na coluna "Rio", na página 2, em sua 3ª passagem pelo jornal
Carioca de Minas, Castro é autor de biografias sobre Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, além de livros sobre a Bossa Nova
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Ruy Castro é um carioca que
nasceu em Caratinga (MG). Como outros mineiros, gaúchos,
franceses ou cipriotas, adotou o
Rio como casa e causa. Para ele,
o que diferencia a cidade de
qualquer outra do Brasil é não
ser "um amontoado de gente de
todos os lugares".
"Aqui, as pessoas se misturam e se tornam cariocas. Elas
adquirem uma visão que é a soma de todas as partes", afirma.
É essa visão, fortalecida por
um dos textos mais saborosos
do país, que Castro mostrará a
partir de amanhã na página A2
da Folha, na coluna "Rio". Ele
escreverá às segundas e quartas-feiras e aos sábados, revezando-se com Carlos Heitor
Cony (terças, quintas e domingos) e Nelson Motta (sextas).
Nos dois primeiros artigos,
homenageará Otto Lara Resende, que ocupou o mesmo espaço em 1991 e 1992, e Cony.
"É um rito de passagem necessário. Otto mudou a cara da
coluna. Com o peso da marca
Otto Lara Resende, ele podia
fazer coisas mais pessoais, até
confessionais. E Cony manteve
a linha, alternando textos evocativos, líricos, com análise da
situação política, mas nunca do
ponto de vista do comentarista
político profissional", diz Castro, que pretende seguir o tom.
Ele estréia no dia em que
completa 59 anos, e bem perto
de completar 40 anos de imprensa -foi em março de 1967
que ingressou no extinto "Correio da Manhã". Trabalhou em
"O Pasquim", "Manchete",
"Jornal do Brasil", "O Globo" e
"O Estado de S. Paulo", entre
outras publicações.
É sua terceira passagem pela
Folha. Como repórter ou colaborador, escreveu no jornal de
1983 a 87 e de 1993 a 96.
Risco e prazer
Mesmo quando morava em
São Paulo, contribuía com personagens, temas e climas cariocas. Na coluna, é provável que
também forneça defesas do Rio
contra a imagem da cidade como um parque temático da violência. "O carioca sempre viveu
no limite entre o risco e o prazer, entre a dança e a morte, e
fazendo de tudo isso um carnaval no fogo, descalço em brasas", diz ele.
"Carnaval no Fogo" (2003) é
um de seus 11 livros de não-ficção, quase todos best-sellers,
quase todos editados pela
Companhia das Letras. Exemplos: "Estrela Solitária", sobre
Garrincha, vendeu 78 mil
exemplares até hoje; "O Anjo
Pornográfico", sobre Nelson
Rodrigues, 72 mil; e "Chega de
Saudade", sobre a bossa nova,
62 mil. Mas isto só no Brasil, já
que há edições em outros países. A biografia de Carmen Miranda (2005), por exemplo, começou agora em Portugal sua
carreira internacional.
Em junho sai mais um título:
"Tempestade de Ritmos - Jazz
e Música Popular no Século
20", coletânea de artigos publicados na imprensa.
Embora já tenha escrito três
livros sobre a bossa nova, Castro não é daqueles que idealizam os "anos dourados", o final
da década de 1950. Na verdade,
seu bordão atual é "nos anos
dourados não tinha isso, não".
Refere-se, por exemplo, ao número maior de ofertas culturais
e à revitalização da Lapa.
Infância no Rio
Com tias no Rio, Castro passou boa parte da infância na cidade, mais especificamente na
Lapa e no Flamengo (zona sul).
Na juventude, enquanto estudava ciências sociais na
UFRJ e começava no jornalismo, morou no lendário Solar da
Fossa, abrigo de Caetano Veloso, Paulinho da Viola e outros
-e onde hoje fica o shopping
Rio Sul, em Botafogo. Nessa
época, conheceu os melhores
boêmios e artistas da cidade.
A paixão pela cidade explica
os cerca de 3.500 livros sobre o
Rio que tem numa só estante. É
a sua "guanabarina", diz, adaptando o termo "brasiliana" dado às coleções sobre o país.
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