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Governo e BID tentam criar
padrão em TCEs
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um trabalho em conjunto
do Ministério do Planejamento, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e dos tribunais de
contas poderá ajudar a resolver um dos entraves à punição dos gestores públicos
que descumprem a Lei de
Responsabilidade Fiscal: as
diferentes interpretações
das normas fixadas.
Apesar de verem na LRF
um avanço, técnicos do Tribunal de Contas da União e
dos tribunais estaduais e
municipais ouvidos pela Folha reclamam que a regulamentação da lei deixou pontos em aberto -vale o entendimento de cada tribunal.
A polêmica é grande em,
pelo menos dois assuntos.
Alguns tribunais exigem que
o pagamento de inativos e
pensionistas sejam incluídos
no cálculo das despesas com
pessoal, mas essa exigência
não vale em todo o país.
O Imposto de Renda retido
dos servidores públicos também é motivo de disputa: em
alguns Estados ele integra o
valor da folha de pagamentos, em outros pode ser deduzido. Nos dois casos, a interpretação do tribunal é essencial para que o Estado
atenda o limite de gastos
com pessoal fixado pela LRF
em 49% da receita.
"Isso não permite uma
aplicação homogênea da lei",
avalia José Alexandre Moura
Pereira, do TCE do Ceará.
Segundo Carlos Alberto
Nunes Borges, diretor de
análise de contas do TCE de
Minas, o programa com o
Planejamento e o BID prevê
financiamento para compra
de equipamentos de informática, software e capacitação de servidores para padronizar os procedimentos
dos tribunais. Iniciado em
2006, no entanto, ele só deverá ser concluído em 2008.
"Isso é importante porque
reforça o papel preventivo
dos tribunais. Cada vez mais,
devemos usar a LRF na execução do Orçamento e agir
antes de a irregularidade ser
cometida", defende.
Padronização
Como os instrumentos à
disposição dos tribunais são,
principalmente, relatórios
enviados pelos gestores, ele
defende que a padronização
dos procedimentos dará
mais agilidade aos tribunais
para identificar problemas.
De 2004 a 2006, o TCE-MG, por exemplo, emitiu
806 comunicados a gestores
públicos no Estado alertando para possíveis descumprimentos da lei e recomendando soluções prévias. A falta de padronização na atuação
dos órgãos fiscalizadores foi
apontada como uma grande
falha por outro auditor de
um TCE ouvido pela Folha.
Segundo ele, o próprio texto da LRF já previa que uma
lei posterior deveria criar o
Conselho de Gestão Fiscal,
que seria formado por representantes do Executivo, do
Legislativo, do Judiciário e
de entidades privadas, e seria responsável pela "harmonização" entre os tribunais
de contas de cada Estado.
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